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Culpar governo é 'quase irresponsável', afirma Lula

Em seu programa de rádio, presidente diz que ainda é ‘prematuro’ acusar alguém pelo acidente em São Paulo

O Estado de São Paulo

Brasília: Diante de críticas de parentes de vítimas do acidente com o avião da TAM e de setores da opinião pública às ações do governo no setor aéreo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou ontem de irresponsáveis quem acusa o governo federal, a companhia aérea, os pilotos ou a chuva pela tragédia do Aeroporto de Congonhas antes da abertura da caixa-preta do avião.

“Todo julgamento é prematuro. É, eu diria, quase irresponsável”, reclamou o presidente. “A melhor coisa que temos de ter é prudência para investigar corretamente, em vez de ficarmos fazendo ilações, culpando ou absolvendo alguém.”

As declarações de Lula, divulgadas ontem em seu programa semanal de rádio, Café com o Presidente, vão na mesma linha das justificativas feitas pelo assessor dele, Marco Aurélio Garcia, após ser flagrado em seu gabinete em Brasília por uma câmera da TV Globo fazendo gestos obscenos, em tom de comemoração, ao receber a informação de que o governo federal supostamente não teria culpa pelo acidente, e sim a companhia aérea.

“Sem nenhuma investigação ou parecer técnico consistente, importantes setores dos meios de comunicação não hesitaram, poucas horas depois do acidente, em lançar sobre o governo a responsabilidade da tragédia”, disse Garcia em nota. O assessor, apesar do grande mal-estar criado no Palácio do Planalto, não foi demitido.

‘FÉ EM DEUS’

O presidente já havia feito um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV três dias depois do maior acidente aéreo já ocorrido no Brasil, que matou cerca de 200 pessoas, na terça-feira da semana passada, quando o avião da TAM se chocou contra um edifício vizinho do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

No programa de ontem no rádio, o presidente Lula não disse quando trocará o ministro da Defesa, Waldir Pires, criticado pelo próprio presidente em reuniões no Palácio do Planalto com outros auxiliares.

Lula também não comentou o que fazer com a cúpula da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), composta por afilhados políticos do ex-ministro José Dirceu e da atual ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

O presidente optou por pedir “força” e “fé em Deus” às famílias das vítimas.

“Eu queria me dirigir às famílias não para pedir paciência ou compreensão, apenas para pedir força, porque as pessoas têm direito de estar revoltadas”, disse. “Têm o direito de saber o que aconteceu, e essa é uma obrigação do governo.”

O presidente avalia que este não é o momento de achar culpados. “Neste momento, não é o mais importante você dizer: bom, fulano de tal não tem culpa, o aeroporto não tem culpa, quem tem culpa é o governo, quem tem culpa é o avião, quem tem culpa é o piloto, quem tem culpa é a chuva”, disse. “Tudo isso, na verdade, são ilações.”

Lula observou que a caixa-preta, enviada para análise nos Estados Unidos, poderá revelar as causas do acidente em Congonhas.

Contraditoriamente, pediu compreensão: “Só peço a compreensão do povo brasileiro para que não haja julgamento precipitado de quem quer que seja, que a gente espere com prudência a investigação para dizer o que aconteceu”, afirmou. “Não existe hipótese alguma de a verdade não vir à tona.”

Comentários

Luiz Maia disse…
Engraçado o Lula dizer para não se fazer julgamentos precipitados. Ele, e o PT, foram os maiores detratores do ex-presidente Fernando Collor. Antes mesmo de qualquer julgamento, ou investigação, eles fizeram campanha, pintaram a cara, e depuseram o presidente. Mais tarde, Collor foi inocentado de todas as acusações que lhe foram feitas. Nada havia contra ele. A não ser os interesses políticos do PT, entre outros. Hoje, o caso é diferente, pois há muito se vem denunciando a precariedade do sistema aéreo brasileiro. Faltam manutenção, equipamentos modernos, obras e dinheiro. Dinheiro este que é, anualmente, retirado do caixa dos órgãos responsáveis pela infra-estrutura aeronáutica e pela regulamentação e fiscalização das empresas aéreas. E para onde foram mais de R$ 500 milhões nos últimos 3 ou 4 anos?

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