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Vítimas poderão ficar sem identificação

Perito do IML de Brasília afirma que não será possível reconhecer todos os corpos de passageiros

Ullisses Campbell
Da equipe do Correio Braziliense

Nem todos os familiares que tinham parentes no vôo 3054 da TAM conseguirão enterrar seus parentes. A equipe de peritos que trabalha no reconhecimento dos cadáveres não conseguirá identificar todas as vítimas por causa do estado avançado de carbonização. Segundo o chefe do Laboratório de Antropologia Forense do Instituto Médico Legal (IML) de Brasília, Malthus Galvão, que chegou ao local do acidente quatro horas depois da tragédia, alguns cadáveres carbonizaram por um tempo tão longo que chegaram ao estágio de calcinação (conversão em cinzas pela ação intensa do fogo ou do calor).

Malthus explica que, quando os corpos chegam a esse estágio, o reconhecimento, mesmo por DNA, torna-se inviável. Ele não soube quantificar os cadáveres que chegaram nesse ponto. Quando o corpo não é identificável, a família enfrenta um problema crucial para conseguir atestado de óbito, principal documento para fazer inventário de bens da pessoa falecida. Sem falar na angústia de não ter o corpo para o sepultamento. “Há ainda o problema de não se ter uma lista fechada.

Um mendigo que por caso tenha morrido na tragédia não terá um parente reclamando. Isso acontece com pessoas que moram sozinhas na cidade e que possam ter morrido no local”, ressalta Galvão.

Demora

Até a noite de ontem, o IML de São Paulo já havia identificado 66 corpos. No fim de semana, familiares reclamaram da demora na liberação dos corpos. Malthus Galvão diz que entende a aflição dos parentes, mas ressalta que é sempre assim: “No início, identifica-se mais rapidamente porque trabalhase com mais facilidade nos corpos que estão em bom estado. Sempre ficam para o final os mais difíceis”, ressalta. Isso que dizer que, de agora em diante, a identificação será mais complicada e demorada.

Para explicar os motivos da demora na entrega dos corpos, a polícia técnico-científica de São Paulo convidou técnicos do Instituto Geral de Perícias da Polícia do Rio Grande do Sul para uma visita ao IML paulista. O convite foi feito para os legistas gaúchos saberem da dimensão do trabalho realizado, das dificuldades encontradas e as soluções que estão sendo adotadas.

O reconhecimento de vítimas de tragédias com incêndio ficou mais rigorosa depois de 2003, quando um supermercado pegou fogo em Assumpção, no Paraguai, com mais de 700 pessoas dentro. O dono, com receio que as pessoas saíssem sem pagar a conta, mandou fechar as portas e mais de 300 pessoas morreram carbonizadas. Para ajudar na identificação dos corpos, o governo paraguaio pediu ajuda para o mundo inteiro.

Uma equipe de peritos de Brasília ajudou no trabalho. Mas ocorreu um equívoco: o IML de Assumpção se precipitou e trocou os corpos, entregando vários deles a famílias erradas. “Até hoje ainda se faz exumação para destrocar cadáveres”, diz a perita Cláudia Regina Barbosa, do Instituto de Pesquisa de DNA Forense do IML de Brasília.

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