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Indicado por Ciro Gomes para banco é alvo da CGU


Victor Ponte teria favorecido empresa; ele não foi localizado, e o ex-ministro nega ingerência em BNB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA

Indicado para o cargo pelo ex-ministro da Integração Nacional e hoje deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), o diretor de Administração do BNB (Banco do Nordeste), Victor Samuel Ponte, é alvo de auditoria da CGU (Controladoria Geral da União).

Segundo reportagem publicada pela revista "Época" nesta semana, Ponte teria assinado, de maneira irregular, um acordo que permitiu reduzir de R$ 65 milhões para R$ 6,6 milhões uma dívida da empresa Frutan S/A (Frutas do Nordeste do Brasil), uma produtora de limões para exportação, com sede no Piauí.

Procurada pela Folha, a CGU confirmou a investigação.

Conforme a revista, Ponte assinou sozinho o acordo, mas nas condição de diretor de Administração não teria competência para isso. Esse procedimento também seria contrário à orientação da AGU (Advocacia Geral da União).

A reportagem informa também que o ministro Guido Mantega (Fazenda) ligou para Ciro Gomes para informá-lo de que teria aberto um processo administrativo para investigar o diretor do banco.

Ponte é amigo de Ciro e foi um dos arrecadadores de recursos para sua campanha. "Época" reproduz trecho de uma carta de apresentação - revelada pela Folha em agosto de 2006 - em que o deputado credencia o amigo para buscar fundos destinados a financiar sua eleição.

A carta é de junho do ano passado, mesma época, segundo a revista, em que houve a redução da dívida da Frutan.

Diz o documento: "Apresento-lhe meu amigo Victor Samuel, que lhe falará em meu nome, de Cid Gomes, [irmão de Ciro então candidato ao governo do Ceará,] e de nosso partido político, o PSB, acerca de uma contribuição para a campanha que o partido desenvolverá nas eleições próximas, e outubro do corrente ano".

A investigação da CGU sobre a redução da dívida da Frutan começou por conta de uma denúncia. Segundo a reportagem da revista, o então presidente do comitê de auditoria do BNB, Paulo Roberto Medeiros Braun solicitou em 20 de agosto um pedido de investigação.

A parte inicial da auditoria da CGU, que é a coleta de documentos, foi concluída. Mas somente com a análise de dados a Controladoria vai confirmar se houve ou não fraude.

A Folha não conseguiu localizar Victor Samuel Ponte ontem. Na casa dele, em Fortaleza, uma mulher que não quis se identificar disse que ele estava viajando.

Ciro Gomes divulgou nota ontem. Afirma que, como ministro da Integração, nunca teve ingerência no BNB e lembra que o banco é subordinado à Fazenda. Enfatiza que se Victor Ponte cometeu um delito será seu ex-amigo. Ciro confirma a conversa com Guido Mantega e diz ter lhe recomendado a abertura de inquérito.

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