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Nova denúncia complica, cassação ronda e Renan se reúne com Jobim



GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

ANDREZA MATAIS
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Os relatores do processo contra o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) no Conselho de Ética da Casa avaliam que a nova denúncia de envolvimento em um esquema de lavagem e desvio de dinheiro contra o peemedebista tem grande impacto político e torna ainda mais insustentável sua permanência no comando da Casa.

"Esse ambiente em torno do Renan forma uma convicção contra ele. Politicamente sua situação fica mais complicada", disse o relator Renato Casagrande (PSB-ES).

Às vésperas da votação do relatório em que é acusado de quebra de decoro, podendo ser cassado, Renan se reuniu ontem, em sua residência oficial, com o ministro Nelson Jobim (Defesa) e com o advogado Eduardo Ferrão. Ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Jobim deixou o local no carro do advogado do peemedebista.

Procurada pela Folha Online, a assessoria de Jobim não informou o motivo do encontro. Nos bastidores, especula-se que o ministro esteja orientando o presidente do Senado em sua defesa para escapar da cassação.

Na sexta, a Folha, em Brasília, revelou que a Polícia Federal estaria investigando o esquema de lavagem que envolveria Renan. O caso começou em setembro de 2006, em um depoimento prestado à Polícia Civil do Distrito Federal pelo advogado Bruno de Miranda Lins. Ele relatou que seu ex-sogro, o empresário Luiz Garcia Coelho, manteria duas contas no exterior e operaria para diversos políticos do PMDB, entre os quais Renan. Coelho é pai de uma funcionária que trabalha no gabinete do senador.

As revistas "Época" e "Veja" deste fim de semana trouxeram mais detalhes do depoimento de Miranda. Segundo reportagem das revistas, Miranda afirmou que Renan teria recebido sacolas de dinheiro do esquema que envolvia ministérios chefiados pelo PMDB e o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), então chefiado pelo deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT).

Na opinião de Casagrande, a situação de Renan a cada dia se torna mais grave. "Todo esse quadro negativo em torno dele tende a prejudicá-lo."

A relatora Marisa Serrano (PSDB-MS) tem a mesma opinião. "Toda denúncia envolvendo o senador tem impacto no processo."

Em nota divulgada ontem, Renan diz que é "matéria requentada" a denúncia feita por Miranda. "As declarações à Polícia Civil de Brasília, prestadas pelo sr. Bruno envolvendo meu nome trata-se de um depoimento feito no curso de uma separação litigiosa de uma funcionária do meu gabinete."

Segundo a nota, "a Justiça não deu nenhum valor jurídico ao assunto por tratar-se de visível expediente de provocar escândalo e pressões processuais sobre pessoas que nada tem a ver com briga de casais". O texto dizendo que o "fato a mim atribuído é inteiramente falso, fruto de imaginação e má-fé".

O autor da denúncia foi casado com a filha do lobista Luiz Garcia Coelho, dono da empresa Assessoria LTDA. Em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal, Miranda disse que o ex-sogro manteria duas contas no exterior e operaria para políticos do PMDB, entre eles o próprio presidente do Senado.

Além do deputado Bezerra, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) é citado como participante do esquema coordenado por Coelho. Eles teriam, segundo as revistas, beneficiado o BMG para a concessão de crédito consignado. Em troca, o banco teria pago propina aos integrantes do esquema.

Jucá nega as acusações. Admitiu que conhece Coelho, com quem tem 'uma amizade protocolar', mas que desconhece qualquer esquema de arrecadação de dinheiro. Segundo ele, na sua gestão o número de bancos credenciados para operar com crédito consignado foi ampliado. Disse que demitiu Carlos Bezerra do INSS quando assumiu o Ministério da Previdência. Após ter deixado o cargo, Jucá disse que foi procurado por Coelho, que lhe pediu ajuda para manter seu filho empregado no ministério, mas ele teria dito que não tinha mais ingerência na pasta.

"Não posso responder pelo Renan. Comigo não teve nada disso [de sacolas de dinheiro]."

A Folha não conseguiu localizar Bezerra. Em 2006, ele foi condenado pelo Tribunal de Contas da União por supostamente ter beneficiado o BMG no programa de crédito consignado do INSS. O TCU aplicou multa de R$ 15 mil a ele.

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