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"Pó de R$ 10, pó de R$ 5, Solange é 25"

Traficante faz graça enquanto candidata panfleta



Fernanda Thurler
Se adversários tentam barrar a participação de Solange Amaral (DEM) no pleito do dia 5 sob acusação de abuso de poder pela reunião da candidata com o prefeito Cesar Maia e funcionários públicos, na última quarta-feira no Jacarezinho, na manhã de ontem, o tráfico em nada atrapalhou o corpo-a-corpo de Solange. Pelo contrário. Bandidos até aproveitaram a visita para uma ação de marketing.

Pó de R$ 10, pó de R$ 5, Solange é 25 gritava um traficante perto de uma boca-de-fumo, que funcionava a pleno vapor. Só a chuva que atrapalhou o corpo-a-corpo na favela, já desocupada pelo Exército. A candidata estava preparada com um casaco impermeável de capuz para longa caminhada sob o temporal.

Mas acabou desistindo, 40 minutos depois, com medo de pegar uma gripe: Tenho de proteger minha garganta justificou. Na chegada, a candidata esbarrou com um cabo eleitoral de Marcelo Crivella (PRB) que cantava aos berros a música de campanha do bispo licenciado da Igreja Universal. Sem se incomodar, Solange começou a planfletar. Ainda bem que o cartão é de plástico, não estraga na chuva brincou, ao passá-lo a um feirante.

Ela caminhou pouco pela rua devido à intensidade da chuva, optou pelas marquises mas chegou a atropelar um motoqueiro. Isso mesmo. Entretida com a conversa que mantinha com um eleitor no meio da rua, a candidata não viu que atrás dela vinha um motoqueiro. Quando o papo acabou, e ela se esticou para entregar um cartãozinho a outro morador, tropeçou na roda da moto e quase caiu no chão. Desculpa pediu ao motoqueiro a candidata do DEM.

Na corda bamba
Ao contrário do tráfico, o rival Chico Alencar (PSOL) quer atrapalhar: entrou, ontem à tarde, com representação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) para pedir a cassação do registro de Solange, sob alegação de abuso de poder econômico e político, além de coerção a servidores públicos. O motivo é a reunião, na última quarta-feira, organizada pela candidata e pelo prefeito Cesar Maia na quadra do Tijuca Tênis Clube. Professores, diretores de escolas e creches municipais, muitos com cargos comissionados, participaram .

Uma prefeitura que organiza um evento como esse, constrangendo servidores e comissionados, merece a reprovação automática por parte da população. Se houver justiça, sua candidatura será impugnada afirmou Chico, revoltado. Os demais candidatos também repudiaram a atitude de Solange.

Jandira Feghali (PCdoB) disse que estuda com a sua equipe jurídica a possibilidade de entrar com uma ação na Justiça Eleitoral:

Eu espero que seja tomada uma providência, porque esse é o caso do uso mais aberto da máquina pública. É uma convocação, e não um convite, da autoridade máxima do município para favorecer uma candidatura. Alessandro Molon (PT), que como Chico e Fernando Gabeira (PV), participou de debate ontem no Ibmec também acredita que houve abuso de poder político: O encontro revela um desespero do prefeito para salvar a candidatura de Solange.

Gabeira acha inaceitável o descumprimento das leis, mesmo na reta final das eleições. Agora, o que não pode ser permitido são essas transgressões à Justiça Eleitoral disse. Sem interesse em criar polêmica, Eduardo Paes (PMDB) atribuiu o dever de fiscalização ao TRE: Se o Tribunal identificar irregularidades, vai agir.

Mas Solange Amaral garante que respeitou a legislação: Foram cidadãos fora do horário de trabalho, fora do espaço público, que foram manifestar seu apoio a uma candidatura. Mas ao se defender, Solange cometeu um ato falho. Primeiro disse que os servidores foram "chamados". Minutos depois, afirmou que os funcionários da prefeitura "pediram" o encontro.

Vários grupos estão encontrando em contato com a minha equipe. Aliás, fui eu quem pediu ao prefeito para ir ao encontro. Seria até melhor se ele pudesse comparecer em outras reuniões. Solange disse ainda, em tom de orgulho, que havia 700 pessoas no evento, no qual os salgadinhos e bebidas, segundo ela, foram pagos com orçamento de campanha. O servidor acompanha quem lhe trata bem.

Não pode acompanhar o governador do estado que chama o servidor de vagabundo e de safado provocou a candidata, numa farpa contra Sérgio Cabral, que apóia Paes. Participaram do encontro o candidato a vice, Pedro Fernandes, e a secretária municipal de Educação, Sônia Mograbi. E, último a discursar, Maia não poupou de críticas os adversários de sua pupila.

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