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Marcos Valério contradiz cervejaria e diz que era pago em dinheiro

Segundo a Promotoria, publicitário ajudou a Cervejaria Petrópolis a "fabricar" inquérito para prejudicar fiscais que autuaram empresa em R$ 104 milhões



LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O publicitário Marcos Valério de Souza, que foi preso na última sexta-feira pela Polícia Federal, afirmou que, desde janeiro deste ano, prestava consultoria empresarial a Walter Faria, dono da Cervejaria Petrópolis, e que recebia em espécie pelo serviço.

A versão de Marcos Valério, que ficou conhecido em 2005 como o operador do mensalão, contradiz a nota oficial divulgada na sexta-feira pela empresa, que negou ter "qualquer tipo de contrato" com o publicitário.

Ontem, a cervejaria informou que o contrato era verbal, mas não houve pagamento de salário. Pode ter ocorrido, disse, ressarcimento de despesas.

Marcos Valério e o proprietário da Petrópolis, que controla a marca Itaipava, são investigados pelo Ministério Público Federal em São Paulo por suposta corrupção, formação de quadrilha e denunciação caluniosa.

O publicitário foi indiciado pelos três crimes. O indiciamento é a convicção da PF de que reuniu indícios suficientes contra um investigado. A prisão de Walter Faria foi rejeitada pela Justiça por falta de provas.

Para a Procuradoria, os dois agiram juntos para prejudicar dois fiscais da Fazenda paulista que autuaram a empresa Praiamar, do grupo Petrópolis, em R$ 104,5 milhões. À PF o publicitário disse que, há nove meses, ajuda a cervejaria a encontrar um terreno na região metropolitana de Belo Horizonte, para a instalação de uma nova unidade. Afirmou ter apresentado imóveis nas cidades de Sete Lagoas e Itabirito.

A consultoria só não foi formalizada, disse Marcos Valério, por uma opção dele, que não queria ver a empresa de um amigo de "longa data" vinculada a seu nome. Disse que só recebia em dinheiro, já que suas contas bancárias foram bloqueadas pela Justiça. Ele não revelou quanto recebeu.

Marcos Valério disse que, após ouvir as queixas do empresário da Petrópolis sobre autuações fiscais de valores elevados, recomendou à cervejaria o advogado tributarista Ildeu Sobrinho, que conhece há dez anos, mas que não "encomendou" nenhum inquérito para desmoralizar os agentes fiscais. Para a PF, foi Ildeu quem operacionalizou a fabricação de um inquérito contra os fiscais. No dia 13 de agosto, foi apreendido R$ 1 milhão com o advogado. A polícia informou que o valor é da cervejaria e seria usado para pagar os serviços dos que ajudaram na falsa investigação.

Ontem, a assessoria da Petrópolis disse que o contrato com Marcos Valério era verbal e que, se houve pagamento, foi somente para ajuda de custo. Informou que haveria uma comissão, caso o negócio fosse fechado, o que não ocorreu.

Daniel Dantas

Marcos Valério está detido na mesma cela em que ficou o banqueiro Daniel Dantas por duas vezes. O publicitário divide o espaço com o sócio, Rogério Tolentino, e com Ildeu.

A Operação Avalanche prendeu 17 pessoas supostamente ligadas a três núcleos criminosos: um de extorsão, outro de fraude fiscal e o último, onde surgiu o nome do publicitário, de espionagem.

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