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Carnaval cria 'recesso branco' nas câmaras de São Gonçalo e Niterói



Anderson Carvalho

O carnaval provocou o primeiro "recesso branco" do ano nas Câmaras de Niterói e São Gonçalo. Poucos dias depois de terem retornado de um período de dois meses de férias, os parlamentares trabalharam praticamente uma única semana em fevereiro, período em que as duas Casas Legislativas não aprovaram nenhum projeto.
Em Niterói, o prédio da Câmara esteve aberto na quinta e na sexta-feira, mas os gabinetes não funcionaram. Na sexta-feira, quando a reportagem de O FLUMINENSE esteve no local, um único vereador foi encontrado: o primeiro vice-presidente da Casa, Carlos Alberto Magaldi (PP).
"Vim resolver algumas coisas de rotina. Não tem nenhuma atividade aqui", disse o parlamentar.
Apenas os seguranças e os telefonistas trabalharam. Por determinação do presidente da Casa, vereador Paulo Bagueira (PPS) tomada na semana anterior ao carnaval em conjunto com os demais 17 colegas, a sessão plenária que haveria na última quinta-feira foi transferida para a próxima sexta-feira, no horário regimental das 17 às 20 horas.
"É para evitar que haja problema de falta de quorum na sessão da primeira quinta-feira após o carnaval, pois alguns vereadores poderiam estar viajando", explicou Bagueira.
A reportagem apurou que muitos vereadores não compareceram aos seus gabinetes nos dois últimos dias úteis da semana, tendo dispensado do trabalho os assessores. Os corredores da Câmara ficaram vazios.
Regimento - Os vereadores de Niterói e São Gonçalo têm três meses de recesso no ano. Somados ao final de quatro anos de mandato, representam um ano a menos de trabalho. Os parlamentares costumam alegar que aproveitam o período para desenvolverem atividades junto aos redutos eleitorais.
Ao contrário da capital, onde tramita na Câmara um projeto da vereadora Clarissa Garotinho (PMDB) proponto reduzir o período de recesso de três meses para 45 dias no ano, em Niterói e São Gonçalo não há nenhuma proposta similar. O salário de um vereador em Niterói é de R$ 7,5 mil. Em São Gonçalo, um parlamentar recebe R$ 8.200 por mês.
"A gente vem cumprindo o que determina o Regimento Interno da Casa. É o que acontece em todas as câmaras municipais que conhecemos. A respeito da proposta de Clarissa, é uma ideia a ser estudada", afirmou Bagueira.
Divididos - A população dividiu-se em relação ao "recesso branco" dos vereadores na semana do carnaval.
"É um absurdo. Eles foram eleitos para trabalhar pela cidade", reclamou o auxiliar administrativo Giuseppe Genovese, de 40 anos.
"É errado. Os vereadores deveriam trabalhar como nós que somos assalariados", completou o funcionário público municipal Sérgio da Silva, de 45.
"É normal na nossa cultura esse tipo de coisa. Tem muitas lojas, por exemplo, que permaneceram fechadas nos dois dias que sucederam o carnaval", pondera a doméstica Cinéia Couto, de 65.
"Não vejo problema dos vereadores terem essa folga. O importante é o que fazem quando estão trabalhando", concordou o vendedor ambulante Luís de Souza, de 78.
Em São Gonçalo, presidente da Casa oficializa o 'enforcamento'
Em São Gonçalo, o 'enforcamento' do feriadão foi oficializado pelo presidente da Câmara Municipal. O vereador Eduardo Gordo (PTdoB) assinou portaria no último dia 16 instituindo o ponto facultativo (folga) na Quarta-feira de Cinzas e nos dois dias seguintes. A reportagem esteve na sede do Legislativo gonçalense na última sexta-feira e encontrou o prédio com as portas fechadas.
Expediente, somente a partir desta segunda-feira. Já as sessões plenárias acontecem de terça a sexta-feira, das 19 às 21 horas, conforme determina o Regimento Interno.
Na opinião da vereadora Iza Deolinda (PMDB), o fato prejudica a imagem da Casa junto a população.
"Acho que a Câmara deveria ter funcionado. O eleitor espera respostas satisfatórias por parte dos políticos em que votou. Quer saber que o vereador vai estar presente quando ele precisar. Aposta muito e tem pouco resultado", observou a peemedebista.
Eduardo Gordo não foi encontrado pela reportagem para falar sobre o assunto.
Moradores condenaram o feriado "prolongado" dos parlamentares.
"É errado. Eles deveriam estar trabalhando, como a gente. Se eu precisasse ir na Câmara perderia meu tempo", reclamou o funcionário público municipal Luiz Carlos Ferreira, de 47 anos.
"Infelizmente é a cultura nacional", lamentou a também funcionária pública Celimar Gonçalves, de 45.
"É uma vergonha. Se nós temos que trabalhar, por que eles não?", indagou o office-boy, Bruno Carvalho, de 23.

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