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Senadores pedem a Sarney que se licencie da presidência do Senado e cobram investigação da PF na Casa


Em São Paulo

Senadores de partidos da base do governo e da oposição pediram nesta terça-feira a saída de José Sarney (PMDB-AP) da presidência da Casa até o fim das investigaçoes sobre a enxurrada de denúncias de mau uso de dinheiro público por parlamentares. Pedro Simon (PMDB-RS) e Demóstenes Torres (DEM-GO) também cobraram que a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República entrem no caso.

Simon ressaltou que apesar de respeitar Sarney não votou nele na eleição para a presidência da Casa, que estimulou fricções entre os partidos. Eleitor de Tião Viana (PT-AC), ele afirmou que o ex-presidente da República não merece viver o atual momento da instituição, atribulada por atos secretos que beneficiaram amigos e parentes de parlamentares.

"Meu querido e bom amigo presidente Sarney tem direito a se afastar. Ele não vai se afastar no sentido de que nós estamos impondo. Ele não vai se afastar no sentido de que ele não tem credibilidade, não tem confiança. Ele vai se afastar no sentido de que ele deve se afastar para que as coisas sejam conduzidas ao natural", disse Simon em aparte ao discurso de Viana.

"As frases dele (Sarney) não têm sido felizes. Qualquer crise do Senado é crise do presidente em primeiro lugar. Se tem lixo no Senado, quem tem de olhar e tomar presença é o presidente do Senado. Não é o lixeiro, não. De irmão para irmão, a melhor coisa que o presidente Sarney tem que fazer é se afastar", completou o senador gaúcho.

Simon afirmou também que os 81 senadores deveriam votar cada decisão de viagem, gasto e prestação de contas relacionada aos seus colegas.

"Não há ainda a integração (entre os senadores) de que a crise é muito grave e que temos de fazer alguma coisa. Nós temos que tomar providências energias e imediatas", afirmou ele, que lamentou o desconhecimento dos parlamentares sobre as atas de reuniões que aprovaram gastos e atos secretos.

Pouco antes, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) fez coro com o senador gaúcho e, além de criticar os parlamentares, pediu investigação da PF e do Ministério Público na Casa.

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), eleitor de Sarney na eleição, afirmou que o presidente do Senado está comprometido para sanar a crise na instituição porque tem familiares envolvidos nas denúncias, como sua filha, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney.

"Se afaste, presidente, deste tipo de processo. Vossa Excelência não tem compromisso com o erro, com o crime, com a bandalha", afirmou Torres logo depois de Sarney assumir a presidência da sessão.

Lembranças da eleição

Simon afirmou ainda que se sentia orgulhoso do voto para o Viana na eleição que reconduziu Sarney ao cargo de presidente do Senado, a qual acabou com muitas rusgas entre peemedebistas e petistas que integram a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Pouco antes da manifestação agitada de Simon, que gesticulou durante toda a exposição, Viana assumiu responsabilidade pelos atos administrativos que assinou durante o período em que foi membro da Mesa do Senado. Ele frisou, porém, que não pediu para que qualquer desses atos não fosse publicado.

O petista, que ocupou a presidência da Casa interinamente por muitas sessões durante a gestão interrompida de Renan Calheiros (PMDB-AL), apareceu na lista de supostos beneficiados com atos secretos divulgada pela imprensa nesta terça-feira (23).

Além das críticas a Sarney, vários senadores se manifestaram depois de terem os nomes publicados na lista de beneficiários de atos secretos. Eles se eximiram da responsabilidade e colocaram a culpa nos ex-diretores Agaciel Maia (Diretoria-geral) e João Carlos Zoghbi (Recursos Humanos). Os parlamentares também decidiram cobrar de Sarney a divulgação do teor de todos os atos secretos existentes no Senado.

* Com informações da Agência Senado

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