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Projeto olímpico brasileiro "esquece" parte da cidade do Rio

Italo Nogueira
No Rio de Janeiro

Os R$ 8,9 bilhões destinados ao transporte público no Rio de Janeiro não vão resolver todos os problemas do setor. Os Jogos Olímpicos prometem mudar a cara da cidade, mas apenas parte da sede terá intervenções urbanísticas.

Os investimentos em transportes prometidos ao Comitê Olímpico Internacional resolvem problemas antigos do setor. Mas foram mais modestos do que os anunciados, e não cumpridos, para os Jogos Pan-Americanos de 2007.

As obras vão atender principalmente à Barra da Tijuca, bairro no qual os moradores dependem principalmente de carros para se locomover. Mas, se comparados à proposta do Plano Diretor da prefeitura, os investimentos cumprem metade das necessidades da cidade, deixando de lado o restante da zona oeste, onde vivem mais de 2 milhões de pessoas (de um total de 6 milhões). Bairros como Campo Grande e Santa Cruz nem sequer aparecem no mapa de transportes do caderno da Rio-2016.

O projeto é baseado em BRTs (bus rapid transit), ônibus com pistas exclusivas e estações de acesso rápido. Para a Olimpíada, serão construídos três, ligando a Barra a Deodoro e às zonas norte e sul. De acordo com a proposta do Plano Diretor, são necessárias outras duas rotas de BRTs na zona oeste para desafogar o trânsito da região.

O secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão, reconhece a limitação do projeto. Ele afirma, entretanto, que as obras não incluídas serão feitas, independentemente dos Jogos Olímpicos. "A solução para a zona oeste exige mais disponibilização de ônibus e melhoria dos trens do que de grandes investimentos em infraestrutura. A Olimpíada não precisa do BRT Santa Cruz-Barra, mas ele vai estar disponível", declarou ele.

Para José Eugênio Leal, professor de engenharia de transportes da PUC-RJ, "a proposta esquece que há um problema crônico nas linhas de ônibus da cidade". Sansão diz que o redesenho das linhas será feito e não depende dos Jogos.

Se concretizados, os projetos melhorarão o acesso à Barra e a saída dela. Mas, para Leal, o ideal seria o da linha 4 do metrô, que liga a Barra à zona sul, não cumprido para o Pan. O projeto "mais ambicioso" foi trocado por um "mais tímido" para que ganhasse "credibilidade", avalia Leal. "Se uma cidade prometeu para o Pan e não fez nada, não tem credibilidade para prometer de novo."

Para ele, o BRT atende a demanda atual da Barra, mas tem um limite menor do que o metrô - 30 mil pessoas por hora, contra 50 mil -, além de ser menos poluente.

Mesmo fora do caderno da Rio-2016, o governo estadual diz que vai concluir a linha 4 até os Jogos, e substituiria o BRT. Um dos gargalos turísticos da cidade, o transporte entre o aeroporto e a cidade será feito por ônibus e vans, provisoriamente, durante os Jogos Olímpicos.

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