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"Só quero meu nome limpo", disse ex-empregada que acusa deputado do DF de torturá-la

O Fluminense - Agência Brasil

A ex-empregada doméstica Tatiane Alves de Jesus disse que se sentiu aliviada quando soube, pela Agência Brasil, que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) a absolveu da acusação de caluniar o deputado distrital e ex-delegado de polícia Márcio Michel Alves de Oliveira, o Doutor Michel (PSL). Tatiane de Jesus afirma ter sido torturada pelo deputado distrital em 2009, quando ele ocupava o cargo de delegado em uma delegacia de polícia da capital do país.

Procurada, Tatiane comentou jamais ter entendido como, de vítima e testemunha do assalto à casa onde trabalhava em 2009 e de autora da denúncia de que o delegado a teria torturado para que ela confessasse participação do roubo, acabou respondendo à acusação de denúncia caluniosa, crime cuja pena varia de dois a oito anos de prisão e da qual foi inocentada na última sexta-feira.

“É uma pergunta que nem mesmo o juiz soube responder quando eu fui denunciada. Eu pensei comigo: este é o Brasil. Um inocente pode ir pra cadeia enquanto vários culpados estão soltos”, lamentou a ex-empregada doméstica que, hoje, trabalha como auxiliar de ensino infantil. Ela espera que, com a absolvição do crime de denúncia caluniosa, Doutor Michel “pague por toda a mudança na minha vida”.

“Eu só queria meu nome limpo. Até porque preciso disso para prestar um concurso público. Para mim, o caso se encerrou aqui, embora eu espere que a Justiça seja feita”.

Na entrevista a Agência Brasil, Tatiane de Jesus lamentou que a ex-patroa dela tenha acreditado na versão da Polícia Civil. A ex-empregada repetiu tudo o que narrou nos vários depoimentos que prestou desde julho de 2009. Naquela data, sustenta, três homens armados invadiram a casa em que trabalhava, em um condomínio de classe média na cidade satélite de Sobradinho.

“No dia seguinte ao roubo eu fui à delegacia para servir de testemunha. Contei o que tinha acontecido, mas o Doutor Michel não acreditou na minha versão. Eu fiquei por mais de 24 horas na delegacia e, durante esse tempo, fui torturada psicologicamente e fisicamente”

De acordo com Tatiane, o delegado e hoje vice-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal pegou um cassetete e bateu nas palmas das mãos dela ao menos quatro vezes. “Ele dizia que sabia que eu não era bandida, mas que eu tinha cometido uma falha e que era melhor eu confessar ou, então, ele passaria a bater também nos meus pés e a situação ainda iria piorar. Ele queria [provar] que eu era a mandante do roubo. Eu assinei uma confissão admitindo ter ajudado os assaltantes, mas nem me lembro direito do conteúdo da confissão porque eu estava apanhando”.

A ex-empregada disse que ficou incomunicável na 35ª Delegacia de Sobradinho das 13h do dia 16 às 18h do dia 17 de julho.

À Agência Brasil, o deputado distrital Doutor Michel negou a acusação de tortura. Ele garantiu que, durante este tempo, Tatiane falou com várias pessoas que estiveram na delegacia. “Quando ele me soltou, ameaçou me matar se eu contasse a alguém o que tinha acontecido. Só que eu não tenho medo. Sinceramente, eu não tenho medo”, comentou Tatiane. Depois de liberada, Tatiane prestou queixa contra Michel na Corregedoria da Polícia Civil e se submeteu a exame de corpo delito no Instituto Médico-Legal (IML).

“O resultado apontou um laudo impreciso porque, além do tempo que havia passado, as mãos têm uma facilidade maior de esconder hematomas”, explicou Tatiane de Jesus.

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