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Sítio arqueológico sob os pés do desconhecimento

Considerada monumento simbólico da arqueologia, Duna Grande é alvo de abandono e despejo de lixo

Gustavo Carvalho - O Globo

O cacique Miguel Veramirim Cáceres põe o cocar, pega arco e flecha e segue em direção ao Canal de Itaipu. Da Praia de Camboinhas - onde os garanis da tribo Tekoa Myboy-ty etão instalados há quatro anos -, ele observa, insatisfeito, o movimento de pessoas na Duna Grande:

- Tá vendo? Niguém sabe o que tem lá. Essa é nossa luta.

Sob os pés de quem passeia no local está um dos preincipais sítios arqueológicos do Brasil, considerado monumento simbólico da arqueologia nacional dese 1987, de acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Histórias dos antepassados de Veramirim, sepultados no lugar e, consequentemente, da cultura nacional, estão sendo macualdas não só por quem não sabe onde pisa, mas, sobretudo, pelos que despejam lixo e retiram materiais históricos de lá, como moedas e artefatos, além de ossos humanos que surgem com o simples deslocamento da areia provocado pelo vento.

A luta pela preservação da Duna Grande, entretanto, não é apenas dos guaranis, que, nos últimos dois meses, vêm se revezando na vigília do local para evitar a ação dos "invasores". Pesquisadores do Museu de Arqueologia de Itaipu (MAI) realizam um trabalho de conscientização com alunos de escolas do município, além de exigir o cercamento do sítio.

- Você não deveria ter pisado ali - disse o professor Stelvio Figueiró, em advertência ao repórter, enquanto acompanhava um grupo de alunos do ensino fundamental. 

- A falta de cercamento e de informação sobre o quanto o local representa provoca isso.

IPHAN PROMETE CERCAR O SÍTIO

O museólogo Pedro Colares explica que o objetivo foi tornar o sítio um monumento histórico para chamar a atenção para a nossa Pré-História:

- Por isso, esse local nunca sofreu intervenções para pesquisa, exceto há dois anos, quando foi feita uma campanha de salvamento para retirar quatro ossadas que ficaram expostas e poderiam se perder.

O Iphan informou que cercará o sítio e instalará placas no local. O órgão distribuiu luvas e sacolas aos índios para que eles auxiliem na limpeza.

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