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Líder do PT fala em "bônus" para base aliada e oposição vê relação com mensalão

Carlos Madeiro
Do UOL, em Brasília

O líder do PT na Câmara Federal, José Guimarães (CE), terá que explicar sobre as declarações dadas na noite dessa quarta-feira (10) sobre "bônus" do governo aos aliados.

Após os deputados rejeitarem o texto do Senado na votação os royalties para a educação e saúde, o líder petista ocupou a tribuna para dizer que a derrota foi emblemática e criticar a postura de deputados da base aliada. Disse ainda ainda há "ônus" e "bônus" em ser do governo e que é hora de "repaginar a base aliada."

Nesta quinta-feira (11), deputados afirmaram que vão abrir representação contra o líder na Comissão de Ética para que se explique sobre o que seriam os "bônus" que os deputados da situação receberiam por serem base do governo. O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), questionou se o "bônus" seria uma espécie de sucessor do mensalão, maior escândalo do governo Lula. "É lamentável. Da maneira como as coisas estão caminhando, o governo não precisará mais de oposição. Sem dúvida alguma vamos representá-lo na Comissão de Ética para ele explicar se, na época do Lula era mensalão, agora, na era Dilma, é bônus", disse.

O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) também reagiu à fala de Guimarães.

"O que me alarmou foi a expressão de que quem é do governo tem ônus e bônus. Eu não sei quais são esses bônus. Na semana que vem, alguns partidos vão discutir alguma coisa, quem sabe uma interpelação, para que isso fique esclarecido. O que são bônus? Quem recebe? Isso representa a entrega de cargos por votos?", questionou.

Ainda segundo Teixeira, o discurso do líder petista ainda está sendo analisado pelos partidos. "Essas notas taquigráficas já estão sendo examinadas. Não se pode deixar passar em branco esse tipo de afirmação".


"Inaugurar escola é bônus"

Também nesta tarde, José Guimarães explicou o que quis dizer com "ônus e bônus" de ser governo. O líder petista, porém, demonstrou irritação ao ser questionado pelo UOL que a oposição queria saber o que seriam os "bônus" citados.

"Primeiro que você deveria fazer a pergunta dizendo que era ônus e bônus, e isso já é para direcionar a resposta. Ser governo tem ônus e bônus, foi isso que disse", afirmou, se explicando em seguida.

"Muitas vezes, para defender o governo, você tem que enfrentar o desgaste e acaba vaiado, como eu já fui aqui nas galerias. O bônus é participar da formulação do governo, é inaugurar escola ao lado da presidente, é inaugurar as obras do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. Esse é o bônus.

A gente discute aqui é contra e, no outro dia, está inaugurando escola?", questionou, citando que qualquer outra interpretação trata-se de "interpretação maldosa".

O deputado disse que não falou em nome do governo, mas sim, fez um desabafo em nome da base petista. Guimarães voltou a defender conversas com todos os líderes partidários que compõem a base aliada.

"Quero ter uma relação com os líderes, uma reunião franca. Eu prefiro uma base menor, com base programática, que uma base grande onde os corpos não se juntam. Na vida você tem que ter lado", disse.

O deputado Miro Teixeira discordou da necessidade de "repaginar" a base aliada, mas defendeu ajustes. "Há uma hipótese de se rever a questão da base, mas não é para deixar de apoiar o governo. É para que nosso partido assuma nossas opções por interesse público", afirmou, negando mal estar por causa das declarações. "Como diria o velho Tancredo, a crise política se resolve em oito minutos. A crise econômica é que é mais complicada."


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