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Contadora diz que deu dinheiro para pagar multa de réu do mensalão

Meire Poza afirma ter repassado R$ 45 mil para Enivaldo Quadrado.
Contadora de Alberto Youssef prestou depoimento à CPI da Petrobras.


Priscilla Mendes
Do G1, em Brasília

Sabatinada nesta quarta-feira (8) pela CPI mista da Petrobras, a contadora Meire Bonfim da Silva Poza, que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef, afirmou que repassou R$ 45 mil em dinheiro vivo para que fosse feito o pagamento da multa de Enivaldo Quadrado, sócio da corretora Bônus Banval condenado no julgamento do mensalão por lavagem de dinheiro.

Durante a análise da ação penal, os ministros do STF entenderam que Quadrado repassava dinheiro das agências de publicidade de Marcos Valério, operador do mensalão, para parlamentares do PP.

A contadora disse aos deputados e senadores da CPI que ela recebeu, em três oportunidades, R$ 15 mil em dinheiro vivo das mãos do jornalista Breno Altman. O valor seria utilizado, segundo Meire, para o pagamento da multa aplicada pelo Supremo Tribunal Federal a Enivaldo Quadrado, condenado a três anos e seis meses de prisão, além de multa de R$ 28,6 mil (valor de 2012).

Em meio à sessão desta quarta da CPI, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) mostrou uma foto de um homem ao lado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e questionou se Meire o conhecia. A contadora disse se tratar de Breno Altman. Segundo o parlamentar do DEM, o jornalista citado pela contadora é filiado ao PT e compõe o diretório do partido em São Paulo.

O dinheiro repassado por Altam a Meire Poza, informou a contadora, seria proveniente do PT. “Ele [Breno Altman] dizia que era o PT que estava pagando a multa do mensalão”, declarou.

Meire pegava o dinheiro com Altman em São Paulo e o entregava a Quadrado, no município de Assis, no interior de São Paulo, onde o condenado no mensalão reside.

A pena de prisão de Quadrado foi convertida em prestação de serviços à comunidade, o que ele tem cumprido em Assis. De lá, ele acertou com Breno Altman a entrega do dinheiro a Meire.

“Quando saiu o cumprimento da pena e os valores que ele [Enivaldo Quadrado] teria que pagar, ele fez esse acerto com o senhor Breno Altman, já que ele estaria em Assis. Então, ele pediu que eu fosse buscar esses valores em dinheiro. Eu fui três vezes pagar com ele [Altman]”, relatou a contadora na CPI mista.

“Eu fiz esse favor que ele [Quadrado] me pediu em maio, junho e julho deste ano”, observou Meire. “Eu nem entrava na casa dele [Breno Altman]. Ele me entregava o dinheiro no portão, em pasta ou em envelope”, acrescentou.

Ao G1, Altman reconheceu que mantém "relações pessoais" com Quadrado desde a década de 1990. Segundo o jornalista, o ex-sócio da Bônus Banval o apresentou a Meire Poza como "sua amiga e contadora". Altman ressalta que Quadrado e Meire foram na casa dele em duas ocasiões.

"O motivo desse encontro, solicitado por mim, foi obter assessoria contábil para exportação de serviços, pois realizo – como jornalista e consultor – muitas atividades no exterior", destacou Altman ao G1.

Ainda de acordo com o jornalista, as declarações de Meire Poza sobre eventuais pagamentos da multa de Enivaldo Quadrado no processo do mensalão, envolvendo o nome dele, são "fantasiosas". "Fico curioso para saber quais as razões dessas invenções e a que interesses atende", enfatizou.

Por fim, Breno Altman informou que já solicitou que seu advogado analise o depoimento da contadora na CPI da Petrobras para "tomar medidas jurídicas cabíveis".

Notas frias

O total de R$ 45 mil, segundo ela, não seria suficiente para o pagamento integral da multa. “O que eu sei é que ele continuaria pagando. Em agosto eu não fui mais porque o Enivaldo passou a receber direto”, disse.

A contadora e Quadrado se conheceram em 2009, quando ele trabalhava em uma corretora de valores e, desde então, faziam negócios juntos. Poza disse que se considera “meio sócia” de Quadrado, porque foi ele quem a apresentou para Youssef, em 2012.

Durante o depoimento, Meire Poza disse que sua empresa de contabilidade, a Agor Consultoria e Assessoria Contábil, emitiu R$ 7 milhões em notas frias para as empresas de Alberto Youssef. O escritório contábil de Meire, afirmou a contadora, recebia 7% de comissão sob o valor de todas as notas, porcentagem que era dividida igualmente com Quadrado.

“Ele [Quadrado] dizia que, como me apresentou ao senhor Alberto e vivia em dificuldade, pedia que fosse dividido esse recurso”, destacou.

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