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Vereadores em recesso são convocados a avaliar afastamento de prefeito acusado de abusar de pacientes no Ceará

O prefeito José Hilson da Paiva (PCdoB) é médico e atende em clínica particular e hospitais públicos da cidade Uruburetama. Ele nega abusos e diz que denúncias são 'jogada da oposição'.


Por Miguel Martins | G1 CE

A Câmara Municipal de Uruburetama convocou os vereadores para uma sessão extraordinária, nesta segunda-feira (15), para avaliar a abertura de um processo de afastamento contra o prefeito e médico José Hilson da Paiva (PCdoB), acusado de abusar sexualmente de pacientes e filmar os crimes. A presidente da Câmara, Maria Stela Gomes Rocha, conhecida como “Tete”, disse ter "ficado em choque" ao se deparar com os vídeos dos abusos.

Prefeito de Uruburetama, José Hilson, é acusado de abuso por pacientes. — Foto: Prefeitura de Uruburetama/Divulgação
Prefeito de Uruburetama, José Hilson, é acusado de abuso por pacientes. — Foto: Prefeitura de Uruburetama/Divulgação

As denúncias foram mostradas em um reportagem veiculada no Fantástico deste domingo (14). O G1 teve acesso a 63 vídeos, filmados pelo próprio médico, com as pacientes. A reportagem ouviu seis vítimas em duas cidades e teve acesso a boletins de ocorrência. Hilson, de 70 anos, atendia em clínica particular e hospitais públicos.

Mesmo com as denúncias, o advogado dele disse que o prefeito segue "vida normal". A defesa informou que não tem conhecimento sobre nenhum procedimento para cassar o mandato dele. O médico não foi encontrado no consultório nem na prefeitura.

Após a repercussão do caso, a presidente da Câmara Municipal entrou em contato com os 11 vereadores que compõem a casa legislativa para marcar a reunião. Os parlamentares estão em recesso, mas devem comparecer à sessão que está marcada para ocorrer nesta segunda às 16h.

“Essa história pegou todo mundo de surpresa. Tínhamos acesso a um vídeo que se caracterizava em contato íntimo de um casal, mas agora é totalmente diferente. Eu, como mulher, mãe, estou em estado de choque”, disse a vereadora, em referência a vídeos divulgados em 2018. Naquele ano, o prefeito enfrentou uma crise quando um dos vídeos com as relações abusivas que ele mesmo gravou foi divulgado na imprensa.

De acordo com a vereadora Maria Stela, o primeiro passo do processo é constituir uma moção de "repúdio contra os atos do prefeito assinada pelos 11 parlamentares".

“É para ser feito o que a lei e a Justiça versam sobre a má ação dele. Gostaria que os 11 vereadores estivessem presentes para enfrentar isso, mas estou com dificuldades de contatar quatro deles. Repudio totalmente (os atos do prefeito). Tem que ser apurado imediatamente. É caso para afastamento imediato”, salientou.

Uma fonte ouvida pelo G1 disse que o prefeito José Hilson também ligou para os vereadores para tentar mobilizar os aliados a ficarem do seu lado em um eventual processo de cassação do mandato.

Hilson foi eleito prefeito de Uruburetama em 2016 com 76% dos votos.

Abusos gravados

O Ministério Público ouviu o relato de seis mulheres que dizem ter sido vítimas de abuso do médico. Ele gravava os crimes dentro do consultório.

Em cinco dos 63 vídeos aos quais o G1 teve acesso, o Hilson de Paiva aparece com a boca nos seios das pacientes. Ele fala que é um procedimento médico para ver se há secreção. “Diminuindo, melhorou", argumentava o médico após o procedimento abusivo.

Denúncias desde 1986

O médico José Hilson é nascido no Ceará e se formou no Rio de Janeiro em 1976. Depois de obter o diploma, voltou para o estado. Entre 1989 e 1992, assumiu a Prefeitura de Uruburetama pela primeira vez, quando virou notícia no Brasil por fazer a primeira prestação de contas do município em praça pública.

As primeiras denúncias ocorreram em 1986. Em 1994, duas mulheres foram à polícia denunciar Hilson de Paiva por assédio sexual durante as consultas. O caso foi arquivado, sem a condenação do médico.

"Ele pediu pra eu ficar de lado, colocar a língua pra dentro e pra fora, com os olhos fechados", conta uma mulher que diz ter sido abusada pelo ginecologista em 1994 e não fez a denúncia na época. "Quando eu senti, eu estava colocando minha língua no pênis dele. Saí correndo, e ele foi pro banheiro, vestindo as calças."

À reportagem do Fantástico, o prefeito disse que nunca fez "nada forçado" e que as acusações são "jogada da oposição". "Querem me derrubar", argumenta Hilson de Paiva. Ele afirma que teve relações sexuais com algumas mulheres, "mas não foi no consultório".

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