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Sob suspeita, obra em AL recebe R$ 92 mi

Adutora do Canal do Sertão Alagoano, investigada pelo Tribunal de Contas, está entre os investimentos mais caros do PAC

Canal é objeto de auditoria no TCU e foi incluída em lista de 11 obras da construtora Gautama, flagrada na Operação Navalha da PF

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Defendida com entusiasmo pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e investigada pelo TCU (Tribunal de Contas da União), a adutora do Canal do Sertão Alagoano é um dos 15 investimentos mais caros do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que contarão com prioridade na liberação de verbas da União. A lista, a que a Folha teve acesso, será publicada hoje no Diário Oficial.

Medida provisória assinada ontem à noite pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva destina pouco mais de R$ 6 bilhões a um conjunto extra de obras no país. Parte do pacote de obras, a adutora em Alagoas receberá R$ 92 milhões extras neste ano.

A obra é objeto de cinco processos de auditoria no TCU e foi incluída, recentemente, pelo próprio tribunal, numa lista de 11 obras da construtora Gautama - flagrada em desvio de dinheiro público pela Operação Navalha, da Polícia Federal.

Procurado ontem à noite pela Folha, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) disse que, se a obra for mesmo da Gautama, o dinheiro não será liberado. "Tenho quase absoluta convicção de que esta obra é da [construtora Norberto] Odebrecht", disse. Técnicos do ministério mencionaram outra empreiteira, a Queiroz Galvão.

A adutora também foi objeto de emenda de Renan em 2005. Da tribuna, antes da atual crise, ele defendeu a obra como "vital. Uma das principais obras da Gautama sob investigação da Polícia Federal, a construção do Sistema Pratagy, de abastecimento de água em Maceió (AL), foi excluída da lista dos Projetos Piloto de Investimento, que reúne as obras prioritárias do governo federal.

Na versão original do PAC, o Sistema Pratagy receberia R$ 50 milhões extras neste ano. A obra chegou a receber R$ 30 milhões no ano passado, antes de a Gautama ser flagrada como centro de um novo esquema de desvio de verbas.

A lista das novas obras prioritárias destina a maior fatia das verbas extras a obras do Ministério dos Transportes: R$ 2,1 bilhões. O Ministério das Cidades é o segundo no ranking do rateio de recursos extras do PAC. A maior parte do R$ 1,6 bilhão destinado à pasta será aplicada em projetos de saneamento e urbanização.

O Ministério da Integração, responsável pela Adutora do Canal do Sertão Alagoano, ficará com quase R$ 1,1 bilhão. O projeto de transposição do rio São Francisco teve uma queda na projeção de recursos extras em 2007. Estão previstos R$ 24,9 milhões. Já o Projeto Água para Todos, defendido por Geddel para conter a oposição política à transposição, receberá R$ 50 milhões.

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