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Ricardo Teixeira forçou obra suspeita, diz ex-governador do DF

CBF
Na Justiça, José Roberto Arruda alega ter reformado ginásio no DF sem licitação após ameaça de perder Copa

FILIPE COUTINHO – FOLHA DE SP
DE SÃO PAULO

Em depoimento à Justiça, o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda envolveu o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em investigação de fraude no Mundial de futsal, em 2008.

O político é o mesmo que pagou R$ 9 milhões a uma empresa ligada ao cartola da confederação para a organização de Brasil x Portugal, no final daquele ano. Há investigação de superfaturamento de gastos no amistoso.

Antes disso, Arruda usou R$ 10 milhões para reformar o ginásio-sede do Mundial de futsal da Fifa. Ele é réu em uma ação penal na qual é acusado pelo Ministério Público do DF de "fabricar" justificativa para contratar, sem licitação, essa obra.

O ex-governador, que depois foi preso em escândalo por corrupção, conta com a ajuda de Teixeira no processo para justificar que tudo foi feito para atender a exigências para o Mundial.

Esse é o segundo caso em que o cartola e Arruda se envolvem em suspeitas de fraudes em eventos relacionados à confederação de futebol. Nessa ação, Teixeira é formalmente testemunha de defesa.

Para o Ministério Público, a obra não poderia ser emergencial, uma vez que Fifa e governo do DF haviam firmado o compromisso de sediar a competição com quase um ano de antecedência.

"A administração não pode agir com o fim de 'fabricar' uma suposta emergência e, com isso, burlar a obrigatoriedade da licitação, tornando regra o que deveria ser a exceção", diz a Promotoria.

Mas Arruda, ao se defender, dividiu a responsabilidade com Teixeira. Segundo o ex-governador, o cartola exigiu dois meses antes da partida uma reforma "sob pena de inviabilizar Brasília para sediar outros eventos".

Arruda envolve diretamente Teixeira na acusação de fraude: ou fazia sem licitação para cumprir a exigência da Fifa e da CBF ou Brasília ficaria de fora da Copa-2014.

"Note-se que o decurso de tempo necessário à realização do procedimento licitatório impediria a adoção de medidas indispensáveis para evitar danos irreparáveis, ou seja, a inviabilização da escolha de Brasília para sediar a Copa", diz Arruda na defesa.

A Folha obteve cópia da carta de Teixeira, de julho de 2008, sobre as exigências da Fifa para o evento, que ocorreria em setembro do mesmo ano. Ele pede solução "imediata" para o ginásio.

"Solicito não medir esforços para atender os reclamos da Fifa, tendo em vista que esse episódio possa vir a prejudicar a imagem do DF em competições, inclusive como uma das sedes da Copa."

Na investigação, Arruda arrolou como testemunha de defesa o próprio Teixeira e o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Em seu depoimento, Teixeira confirmou que exigiu a obra com vistas à realização da Copa de 2014.

"Se Brasília não tivesse condições de sediar o evento pelo não cumprimento das pendências verificadas, certamente tal fato pesaria em desfavor para análise de sediar a Copa", disse o cartola.

Blatter não respondeu às perguntas enviadas pela reportagem. Se condenado, Arruda pode ter como pena até cinco anos de prisão.

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