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Ex-vereador irmão de ex-prefeito de Mata Grande, AL, acusado de desvio de verba ostentava vida de luxo nas redes sociais

Júlio Brandão era presidente da Câmara na mesma época em que Jacob Brandão foi prefeito. Eles e outros integrantes do grupo político são acusados do desvio de mais de R$ 12 milhões da prefeitura.


Por G1 AL


O ex-presidente da Câmara de Vereadores de Mata Grande, no Sertão de Alagoas, ostentava uma vida de luxo nas redes sociais enquanto um esquema criminoso desviava milhões dos cofres públicos da cidade. O vereador Júlio Brandão (PP) presidiu o Legislativo na mesma época em que o irmão era prefeito, José Jacob Gomes Brandão (PP), que é acusado de chefiar o esquema.

Ex-prefeito de Mata Grande José Jacob Brandão é considerado foragido da Justiça (Foto: Reprodução/TV Globo)
Ex-prefeito de Mata Grande José Jacob Brandão é considerado foragido da Justiça (Foto: Reprodução/TV Globo)

Nas imagens divulgadas em reportagem do Fantástico neste domingo (6), Júlio Brandão aparece em passeios de lancha e festas. Ele é acusado de ter firmado um contrato de aluguel de carros a uma quantia mensal de R$ 18 mil, sem que nenhum carro fosse utilizado pelos vereadores.

Os contratos fraudulentos de locação de veículos também recaem sobre Jacob Brandão, prefeito por dois mandatos, de 2009 a 2016. As investigações apontam que, em apenas dois anos, houve um desfalque equivalente a R$ 6 milhões na gestão dele, o que daria para comprar pelo menos 130 veículos.

Isso somado a outras fraudes investigadas pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MP-AL), teria provocado um desvio de mais de R$ 12 milhões dos cofres públicos, enquanto os estudantes do município eram levados para a escola em caminhonetes.

No último mês, uma operação do Grupo de Ação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-AL, prendeu 10 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema. Os irmãos Brandão são considerados foragidos.

Do valor pago pelos supostos serviços, 60% eram divididos entre Jacob Brandão, os donos das empresas e possíveis atravessadores. Os outros 40% ficavam para quem sublocava os veículos.

Entre os presos também está o cantor Max David Moura Rodrigues, cunhado de Jacob Brandão. Ele é acusado de ter recebido R$ 25.000 em 2015, provenientes de contrato celebrado entre a empresa E. P. Transporte e Serviços Ltda. EPP e o Município de Mata Grande, com irregularidades na licitação.

Mas não é somente a gestão anterior que é investigada. O atual prefeito de Mata Grande, Erivaldo de Melo Lima, o Erivaldo Mandú (PP), foi preso em dezembro de 2017 acusado de crimes contra a administração pública. Ele foi solto dias depois, sob a exigência de usar tornozeleira eletrônica.

Erivaldo Mandú, que era vice-prefeito de José Jacob, foi filmado pagando uma espécie de 'mensalinho' a vereadores em troca da aprovação de projetos de interesse do Município.



Atual prefeito de Mata Grande, Erivaldo de Melo Lima, o Erivaldo Mandú (PP) (Foto: Reprodução/TV Globo)
Atual prefeito de Mata Grande, Erivaldo de Melo Lima, o Erivaldo Mandú (PP) (Foto: Reprodução/TV Globo)

Segundo o MP, o atual prefeito deu continuidade aos crimes da gestão anterior. "Remédios, transporte escolar, merenda , políticas públicas de saneamento e habitação e todas as outras que envolvem a população foram esquecidas em prol do enriquecimento ilícito do gestor passado, e infelizmente essas práticas nós estamos constatando também na atualidade", disse o procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto.

Erivaldo Mandú ficou afastado do cargo de prefeito de janeiro a abril deste ano, mas uma decisão do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) o reconduziu ao cargo. O MP informou que vai recorrer.

Ao todo, o Gaeco prendeu 20 pessoas em Mata Grande, e as investigações continuam.

O que dizem os citados

Por meio de nota, os advogados de Júlio e José Jacob Brandão dizem que "as acusações são inteiramente baseadas em delação premiada, formulada por inimigos políticos da antiga gestão" e que ficará provada a inocência dos acusados.

O atual prefeito, Erivaldo Mandú, disse também por meio de nota que vai provar, ao final do processo, a inocência dele.

Os advogados de Max David disseram que ele é "um empresário e músico de berço vitimado à vala comum por ter prestado serviços a ente público" e que não há nada que justifique o que eles chamaram de "condenação antecipada".

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