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Conheça o castelo do deputado Edmar Moreira





A construção de Edmar Moreira é avaliada em R$ 25 milhões. O deputado responde a 2700 ações trabalhistas. Ele foi acusado de não declarar o castelo e seu imposto de renda.


O Fantástico visitou o castelo que todo o Brasil quer conhecer. O castelo do deputado que queria ser corregedor.

Mármore por toda a parte, inclusive nos banheiros e na sauna. São 36, e uma delas ocupa três andares de uma torre. Há piscinas, lago, jardins. É o castelo da família do deputado federal Edmar Moreira. Ele foi eleito no início deste mês para ser corregedor da Câmara dos Deputados.

Corregedor é aquele que fiscaliza os colegas. Mas ele assumiu avisando que não ia fiscalizar ninguém.

Depois disso, o Brasil ficou sabendo desta propriedade tão polêmica. Pressionado, Edmar renunciou à corregedoria. Ele foi acusado de não declarar o castelo em seu Imposto de Renda. O caso chegou à Justiça Eleitoral.

Dizendo-se perseguido, o político pediu desligamento de seu partido, o Democratas, e aguarda decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Se o tribunal entender que ele foi mesmo perseguido, Edmar poderá mudar de partido. Caso contrário, perderá o mandato.

O deputado estadual de Minas Gerais Leonardo Moreira, filho de Edmar, defende o pai: ”O deputado Edmar Moreira não é dono de castelo. O castelo foi transferido há mais de 16 anos para mim e para meu irmão e, por isso, não poderia constar no seu Imposto de Renda”.

É Leonardo quem abre o castelo, com exclusividade, para o Fantástico.

Patricia: Aqui é o que exatamente? É o salão?

Leonardo: É o que seria, projetado desde 1990, como uma entrada principal.

Patricia: O salão está acabado. Tem móveis. Ele foi habitado em algum momento?

Leonardo: Não. De 1982 a 1990 foi o período da sua construção, ele foi finalizado em 1990. Desde então ele nunca foi habitado.

O salão domina o primeiro andar do castelo. Embaixo, fica um espaço para adega. Capacidade: oito mil garrafas de vinho. Mas o que nós encontramos foi isso: paredes sem pintura, fiação exposta e buracos no teto.

Patricia: Ainda está inacabado, né?

Leonardo: Sim. Nunca foi finalizada.

Próxima parada, segundo andar. O castelo tem dois elevadores que dão acesso aos seis andares. É preciso subir pela escada porque, segundo o deputado, o elevador não está funcionando.

Patricia: Quantas suítes no total?

Leonardo: 36 suítes. Também inacabada. A única coisa que muda de uma para outra é a disposição. Uma tem um closet num lugar, o banheiro em outro. Mas ela está totalmente inacabada desde 1990.

Das 36 suítes, 32 ficam no segundo andar. As outras quatro ocupam a torre do castelo. Cada banheiro tem um desenho diferente, uma arquitetura diferente, e também materiais diferentes. Um, por exemplo, é feito de mármore azul.

“No Brasil, na época, não se encontrava desse material justamente porque um sheik havia comprado todo esse estoque em nosso país para revestir o castelo dele, que era o dobro desse aqui, de revestimento externo”, comenta o deputado.

Patricia: Chegamos ao último andar. É a quarta suíte, a última delas e também a principal. A suíte é um triplex. Tem três andares. No primeiro tem um espaço para sala, com banheiro. Subindo, tem uma antessala e depois, no outro nível, o quarto. Só para ter uma idéia, quantos metros quadrados mais ou menos tem esse quarto?

Leonardo: Aproximadamente 100, 110 metros quadrados os três andares.

Patricia: Maior que a casa de muita gente.

Leonardo: Maior do que a casa de muita gente e pequeno para muito hotel que existe hoje em dia.

Da torre, voltamos para o primeiro andar. A cozinha é industrial, que pelo que tudo indica hoje ela funciona mais como um depósito. O castelo tem ainda uma sauna.

Leonardo, o filho de Edmar Moreira, conta a história do castelo.

Patricia: Com que finalidade este castelo foi construído?

Leonardo: Com a finalidade exclusiva de se abrigar aqui um hotel que pudesse atrair um turismo nacional e internacional na região.

Patricia: Então, por que esse empreendimento nunca virou um hotel?

Leonardo: Nós tínhamos uma expectativa que a infraestrutura viária e aeroporto da região, que ela se desenvolvesse e, na verdade, o que houve foi uma retração. Ao invés de melhorar, ela piorou.

Patricia: Ha muitas histórias de que este castelo viraria um cassino. Tem também ex-funcionários que contam que muitos políticos vinham para cá para jogar. O que tem de verdade nisso?

Leonardo: É importante nós lembrarmos - e este castelo está sendo uma polêmica, eu diria, nacionalmente falando - que ele foi doado a mim e ao meu irmão em 1993.

Segundo um documento apresentado por Leonardo, em 1993, Edmar e a mulher transferiram o castelo para os filhos.

“Nunca houve um projeto para que isto aqui se tornasse um cassino e sim um hotel.”

Patricia: De onde veio esse dinheiro?

Leonardo: esse dinheiro veio do lastro financeiro que o empresário Edmar Moreira, na década de 1980 tinha, que pode ser comprovado. Ele tinha lastro empresarial na época para construir não só este castelo e qualquer outro empreendimento.

Patricia: Você tem provas disso de que esse dinheiro saiu do empresário e não do político?

Leonardo: Muito mais do que eu ter provas, eu confio na justiça, eu confio no Ministério Público, eu confio no Poder Judiciário, eu estou lhe franqueando a minha declaração de Imposto de Renda, onde isso se encontra lançado.

Em uma cópia do Imposto de Renda de 2007, Leonardo declara ser dono de metade da propriedade. Ele afirma que, ao receber o castelo do pai, em 1993, o valor total do imóvel era R$ 6,4 milhões. Hoje, claro, vale muito mais.

Leonardo: Avaliado por mais de 30 empresas do setor pelo Brasil afora, ele tem preços que variam de R$ 25 a R$ 30 milhões.

Patrícia: Hoje se tivesse interessado com cheque de R$ 25 milhões, o senhor venderia o castelo?

Leonardo: Com certeza.

Patricia: O que muita gente também pergunta, se esse dinheiro é legal, veio do seu pai, ele financiou esse castelo, porque que logo depois ele passou para o nome dos dois filhos?

Leonardo: Na época ele era um empresário de sucesso do ramo de segurança privada. Em 1990, com o lastro financeiro muito grande, entrou na vida pública, estava se dedicando a vida publica e se desligando das empresas.

A Procuradoria-Geral da República investigou a vida empresarial de Edmar Moreira, que é ex-oficial da Polícia Militar de Minas Gerais. Ele responde a mais de duas mil ações trabalhistas, e é acusado de não ter pago juros, correção monetária e multas sobre as dívidas. Edmar era um dos deputados que recebiam o salário em dinheiro vivo. Seria um modo de continuar tendo acesso ao dinheiro, caso uma decisão judicial bloqueasse os bens dele.

Patrícia: O senhor, como filho, não se sente de uma certa forma desconfortável de ter isso sabendo que o seu pai deve para muita gente, muitas pessoas.

Leonardo: todos nos sentimos desconfortáveis a partir de que qualquer pessoa no mundo pode estar sofrendo algum flagelo. Seria uma desumanidade muito grande de minha parte não admitir isso.

O deputado Edmar Moreira não quis gravar entrevista. O Tribunal Superior Eleitoral só vai começar a decidir o destino do deputado federal depois que o partido dele, o Democratas, se manifestar sobre o pedido de desligamento, o que deve acontecer nesta semana.

Comentários

Anônimo disse…
é vergonhoso para um pais saber que uma pessoa publica, eleita pelo povo, tenha tanto dinheiro capais de pagar varias dividas de processos trabalhista contra sua empresa e por algum motivo não faça.R

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