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Minoria no Congresso quer barrar aumento de salário

Deputado e senadores criam comitê suprapartidário para impedir o reajuste

"Está sendo passada uma idéia para a sociedade de que todos defendem esse aumento. Não é verdade", afirmou Fernando Gabeira


FÁBIO ZANINI
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputados e senadores que são contra o aumento salarial para parlamentares criaram ontem um comitê suprapartidário para resistir à proposta.

O núcleo fundador do movimento é composto pelos deputados Fernando Gabeira (PV-RJ) e Raul Jungmann (MD-PE) e pelos senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e Heloísa Helena (PSOL-AL). "Está sendo passada uma idéia para a sociedade de que todos os deputados e senadores defendem esse aumento. Mas não é verdade", declarou Gabeira.

O plano dos parlamentares é ampliar o grupo com representantes de outros partidos. Segundo Gabeira, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) já aderiu. "Vamos formar um movimento de resistência", disse. Outra idéia é procurar entidades da sociedade civil e divulgar o movimento pela internet.

Os parlamentares que organizam o comitê dizem que, antes de haver aumento de salários, é preciso descobrir maneiras para reduzir os custos administrativos do Congresso.

O reajuste , que geralmente ocorre a cada final de legislatura, é sempre um fator de desgaste dos parlamentares. Neste ano, a situação se agravou em razão da crise de credibilidade por que passa o Congresso, abalado pelos escândalos do mensalão e sanguessugas.

Há diversas propostas em debate no Congresso para aumentar os salários. A mais radical, uma reivindicação histórica do chamado "baixo clero", equipara os salários dos deputados, hoje de R$ 12.847, aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal, de R$ 24.500. Um aumento de 91%.

Numa linha intermediária, o PT propõe um reajuste de cerca de 30%, que seria suficiente para repor a inflação dos últimos quatro anos. "Seria um aumento razoável, que atende à dignidade dos deputados, sem hipocrisia. Seria um ponto de equilíbrio", disse o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS).

O impacto da proposta do líder petista seria de cerca de R$ 30 milhões por ano, se for considerada apenas a variação nos vencimentos dos deputados.

Há um problema adicional, no entanto, que é o efeito cascata que o aumento traria para deputados estaduais, vereadores e funcionários em cargos de confiança no Legislativo.

A maior parte do orçamento da Câmara é destinada aos salário dos funcionários e servidores. Para este ano, estão previstos gastos de R$ 2,25 bilhões com pessoal. Deste valor, R$ 1,6 bilhão já foram executados. O orçamento da Câmara neste ano é de R$ 2,97 bilhões.

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