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Petistas sabiam do dinheiro, diz Valdebran

Ao depor na CPI dos Sanguessugas, acusado diz ter atuado como amigo dos Vedoin e complica situação de três ex-petistas

Petistas envolvidos no caso afirmaram que não houve pagamento pelo dossiê; emissário de Vedoin diz que a negociação era de R$ 2 mi


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA - FOLHA DE SÃO PAULO

Mais de dois meses depois de ter sido preso com R$ 1,7 milhão, Valdebran Padilha confirmou ontem à CPI dos Sanguessugas que a negociação do dossiê contra políticos do PSDB, que ele classificou como "operação tabajara", envolveu a promessa de pagamento em dinheiro, o que contradiz a versão de quase todos os emissários do PT envolvidos no caso.

Caindo em contradições com os depoimentos prestados à Polícia Federal, Valdebran complicou especialmente a situação de três ex-petistas: Jorge Lorenzetti, ex-integrante da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição; Hamilton Lacerda, ex-coordenador de campanha de Aloizio Mercadante ao governo paulista; e Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil.

Os três haviam dito à PF que participaram da negociação com a família Vedoin -acusada de chefiar a máfia dos sanguessugas- para adquirir os documentos contra os tucanos, mas negaram qualquer pagamento.

"É óbvio que essa informação, a de que não houve negociação, de que não houve dinheiro, é descabida", disse Valdebran, acrescentando que o acerto era de pagamento, pelos petistas, de R$ 2 milhões.

"[A compra do dossiê] Foi uma "operação tabajara", em que uma parte não tinha todo o dinheiro e a outra não tinha a informação prometida."

Valdebran disse acreditar que o adiantamento referia-se à entrevista de Vedoin à revista "IstoÉ", envolvendo tucanos na fraude. "Foi dada a entrevista à revista, está aqui o R$ 1 milhão. Entregaram a papelada, está aqui o outro milhão. Hoje acredito que tenha sido dessa forma." A revista disse que não houve pagamento.

Valdebran afirmou que entrou no caso a pedido dos Vedoin, para "acompanhar" se os petistas teriam o dinheiro para pagar por informações.

Disse que entrou na negociação por amizade com os Vedoin, seus amigos há dez anos.

À PF ele afirmara que conhecia os Vedoin há seis anos e que não tinha relação comercial ou de amizade com eles. Questionado sobre a contradição, voltou atrás e disse que era apenas conhecido da família.

Sobre Hamilton Lacerda -segundo a PF o homem que transportou o dinheiro para que Gedimar efetuasse o pagamento-, Valdebran disse ver "muita semelhança" entre a mala de dinheiro que viu com Gedimar e a mala flagrada com Lacerda pelas câmaras de TV do circuito interno do hotel onde a polícia realizou a prisão.

Sobre o dinheiro apreendido, Valdebran disse ter recebido o R$ 1 milhão de Gedimar, no hotel, como garantia do negócio. Outro milhão seria entregue assim que Gedimar recebesse a documentação.

O advogado de Lacerda, Alberto Toron, reafirmou ontem que seu cliente não transportou o dinheiro.

(RANIER BRAGON E ADRIANO CEOLIN)

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