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Depois do "relaxa e goza", Marta viaja em avião da FAB

Aeronave da Força Aérea Brasileira foi usada pela ministra um dia depois de "frase infeliz" sobre a crise nos aeroportos

Nas 46 viagens da ministra do Turismo durante dois meses na pasta, 20 foram feitas em aviões da FAB; senador defende demissão

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia depois do "relaxa e goza" sugeridos a passageiros que precisam enfrentar longas filas nos aeroportos, a ministra Marta Suplicy (Turismo) decidiu utilizar um vôo da Força Aérea Brasileira para retornar a Brasília depois de um compromisso no Rio de Janeiro. Em suas 46 viagens durante dois meses na pasta, 20 foram feitas em aviões da FAB.

Apesar do pedido de desculpas da ministra, sua fala repercutiu mal ontem na CPI do Apagão Aéreo da Câmara. O relator da comissão, Marco Maia (PT-RS), considerou que ela não teve "dimensão do impacto real" da crise no turismo e se dispôs a votar sua convocação, que foi solicitada pela oposição.

Na tribuna do Senado, Jefferson Peres (PDT-RJ) pediu uma carta de demissão da ministra junto com suas desculpas. E considerou que sua posição reflete o conforto de vôos da FAB na base aérea.

A assessoria de imprensa da ministra disse que o vôo da FAB já estava programado e ela aproveitou uma "carona" -a Aeronáutica não confirmou o dado. Também informou que jatos da FAB -disponíveis para todos os ministros de Estado- só são solicitados quando isso é necessário para que seja cumprida a agenda oficial.

Seu único compromisso ontem foi a solenidade presidencial no Cristo Redentor, para a qual viajou na comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, tem só "despachos internos" em Brasília.

O pedido de convocação foi feito pelo deputado Vic Pires (DEM-PA), que considerou a fala da ministra um "acinte" e um "desrespeito" à população que viaja, devido aos transtornos, e até risco de vida com as suspeitas sobre a segurança de vôo no país.

O Ministério do Turismo informou que Marta aceitaria um eventual convite da CPI para prestar esclarecimentos.

"A ministra merece nosso repúdio. Não é uma retratação que retira o caráter de deboche das declarações", disse Vanderlei Macris (PSDB-SP).

A "gafe" da ministra do Turismo foi amenizada pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que lembrou da polêmica causada quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) se referiu aos aposentados como "vagabundos".

O presidente da CPI, Marcelo de Castro (PMDB-PI), colocou a fala entre outros "lapsos" famosos da política brasileira, como "estupra, mas não mata", de Paulo Maluf (PP-SP), e a surpresa de Luiz Inácio Lula da Silva com a limpeza e beleza da Namíbia. "Quem chega a Windhoek não parece que está num país africano", disse à época.

"A coitada já deve estar muito arrependida. Isto é fogo de palha, vai passar", disse Castro.
Após a fala de Marta, sua assessoria divulgou nota: "Quero pedir desculpas aos turistas e a todos os brasileiros pela frase infeliz que proferi hoje, ao término de uma entrevista coletiva. Não tive por intenção desdenhar, muito menos minimizar os transtornos que estão sendo enfrentados pelos usuários do transporte aéreo".

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