SIMONE IGLESIAS
da Agência Folha, em Porto Alegre
Um esquema de revenda de selos postais por pelo menos um funcionário da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul levou ao desvio de pelo menos R$ 3 milhões desde 2004, segundo a presidência da Casa.
Por meio de uma denúncia, o presidente da Mesa Diretora, deputado Frederico Antunes (PP), abriu sindicância com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado e da Polícia Federal.
A fraude, segundo ele, consistia na compra de selos e posterior revenda fora da Assembléia. Mas o contrato entre a Assembléia e os Correios não prevê a aquisição dos selos tradicionais para expedição de correspondências, e sim somente a recarga de uma máquina que registra postagens.
Segundo apurou a sindicância até o momento, o funcionário apontado como suspeito, Ubirajara Amaral Macalão, comprava selos sem o conhecimento da Assembléia, cujo valor médio da entrega nos últimos 12 meses era de R$ 80 mil/mês. Em anos anteriores, o valor médio de compra era mais baixo. Segundo cálculo preliminar do Legislativo, de 2004 a maio deste ano o desvio chega a R$ 3 milhões.
Funcionário de carreira há quase 30 anos, sendo que nos últimos cinco atuava como diretor de serviços administrativos, Macalão foi afastado em 18 de maio até que a investigação seja concluída.
O superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto, afirmou que provavelmente o esquema foi montado por uma quadrilha. "Queremos saber o total do valor desviado, há quanto tempo [a quadrilha] agia e quem são todos os envolvidos. Com certeza esse funcionário não agiu sozinho", afirmou.
Gasparetto disse que a Polícia Federal investiga se funcionários dos Correios estão envolvidos e se houve prejuízos aos cofres da estatal para, então, instaurar inquérito.
Antunes disse que as últimas quatro gestões estão sendo investigadas. Elas poderão envolver parlamentares do PP, do PMDB e do PTB, que ocuparam a presidência do Legislativo gaúcho nos últimos três anos.
A reportagem tentou conversar ontem com Macalão, mas ele não atendeu aos dois telefones residenciais. Seu celular estava desligado.
O superintendente dos Correios no Rio Grande do Sul, Larry de Almeida, também foi procurado, mas seu celular estava na caixa postal. A reportagem deixou recado, mas ele não ligou de volta.
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