GABRIELA GUERREIROda Folha Online, em Brasília
Senadores da oposição fizeram hoje duros ataques ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), depois que ele negou ter influenciado a consultoria jurídica da Casa a elaborar parecer favorável ao voto secreto no Conselho de Ética. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que, ao contrário do que alega Renan, há indícios claros de que técnicos da Casa foram orientados pelo peemedebista a blindá-lo no processo de investigação.
Da tribuna, Renan disse que nunca utilizou a máquina do Senado Federal para se proteger nas investigações. O senador também negou conhecer Marcos Santi --ex- funcionário da Mesa Diretora da Casa-- que renunciou ao cargo em resposta à suposta influência de Renan sobre o trabalho dos técnicos da Casa.
O funcionário acusou Renan ontem de manobrar em seu favor, com a influência direta nos trabalho jurídico de técnicos do Senado. Santi, no entanto, voltou hoje atrás ao perceber que poderia ser demitido caso divulgasse detalhes sigilosos dos trabalhos do Senado --como previsto pela lei 8027/90, que rege os servidores públicos federais.
Demóstenes afirmou que, apesar de Santi ter negado as acusações contra Renan, o servidor reiterou suas denúncias a alguns parlamentares nesta quarta-feira.
"Ele me disse, a mim e aos outros senadores, que realmente ele não sofreu pressão direta. Mas que se sentiu coagido o tempo todo porque o Senado, que tem um dos corpos de consultoria mais ilustres do Brasil, que esse corpo de consultoria o tempo todo foi chamado de encomenda a produzir peças que não coadunam com essa capacidade", disse Demóstenes.
Segundo o senador democrata, vários "jabutis subiram na árvore" desde que o processo contra Renan teve início no Conselho de Ética --numa referência à atuação de Renan para se beneficiar nas investigações.
O senador Renato Casagrande (PSB-ES), que também ouviu relatos do servidor, endossou as palavras de Demóstenes. "Nós ouvimos do servidor de que se sentiu pressionado. Por isso, estava entregando o cargo. São palavras dele que nós temos que manifestar", disse.
Já o senador Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) convidou os colegas a acompanharem a votação do processo contra Renan no conselho para pressionar o presidente do órgão, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), a agir de forma isenta na condução dos trabalhos. "Todo o plenário tem que ir amanhã para o conselho, sem pressão nenhuma de Quintanilha. Tudo chegou a este ponto porque o senador Renan não saiu dessa cadeira", criticou Jarbas.
Renan deixou o plenário da Casa quando parlamentares da oposição começaram a atacá-lo. Antes, da cadeira de presidente, ele se defendeu das acusações de Santi e negou ter pressionado o servidor ao voltar atrás nas suas palavras.
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Eu devo estar errado. Mas se valer do cargo de presidente do Senado (uma vergonha) para manipular o resultado do processo contra si mesmo não seria uma quebra de ética? Não seria anti-ético? Não seria o suficiente para banir tal vagabundo da política, e não só da presidência do Senado? Me desculpem, mas meu mundo é outro. Vivo onde as pessoas têm honra, são honestas e responsáveis.
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