Almeida Lima
Conselho de Ética
DEM
Demóstenes Torres
Imposto de Renda
Leomar Quintanilha
Marisa Serrano
PMDB
PSB
PSDB
Renan Calheiros
Renato Casagrande
Senado
senador
Pedido de cassação traz nova ‘prova’ contra Renan
Terminou por volta de três horas da madrugada desta quinta-feira (30) a reunião em que Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS) fecharam a redação do relatório que recomenda a cassação do mandato de Renan Calheiros (PMDB-AL).
Além das suspeitas já conhecidas – inconsistências patrimoniais e negócios agropecuários suspeitos — o documento traz elementos que, na opinião dos relatores, constituem novas evidências que fulminam a versão de Renan de que pagou com recursos próprios a pensão da filha que teve com a jornalista Mônica Veloso.
Técnicos do Senado que auxiliaram na elaboração do pedido de cassação cruzaram os saques que Renan diz ter feito para pagar a pensão com o Imposto de Renda e com recibos apresentados pelo senador. Descobriram que, em várias oportunidades, os cheques bancaram despesas que nada têm a ver com os supostos pagamentos à jornalista.
Verificou-se, por exemplo, que um dos saques foi usado no pagamento de terras adquiridas por Renan. Chegou-se à descoberta porque o número do cheque foi mencionado por Renan em seu Imposto de Renda.
Um outro saque financiou o aluguel de pasto para o rebanho bovino do senador. Neste caso, a constatação foi possível porque, de novo, o número do cheque encontra-se anotado no recibo da operação de locação.
Os novos achados tornam ainda mais inverossímil a versão de Renan. Perícia do Instituto de Criminalística da Polícia Federal já havia detectado uma desconexão entre saques feitos na conta bancária do senador e os pagamentos à jornalista. Não coincidem nem as datas nem os valores.
Em sua defesa, o presidente do Senado alegara que os saques destinaram-se, na verdade, ao pagamento de várias despesas, não apenas da pensão. O problema é que, nos casos apontados no relatório de Casagrande e Serrano, verifica-se absoluta coincidência de valores entre determinados saques e despesas que nada têm a ver com a pensão.
Ou seja, ao menos no que diz respeito às retiradas que os técnicos do Senado conseguiram rastrear, o dinheiro foi integralmente utilizado para outras despesas. Descartou-se em definitivo a hipótese de que uma parte do numerário houvesse sido entregue a Mônica Veloso, como alegara Renan.
A sessão do Conselho de Ética em que será votado o pedido de cassação está marcada para as 10h desta quinta. O presidente do órgão, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), aliado de Renan, tentará impor a votação secreta. Será confrontado, porém, com um requerimento exigindo que a decisão seja transferida para o plenário do conselho.
Inicialmente, combinara-se que o requerimento seria apresentado por Casagrande. Avaliou-se, porém, que a iniciativa não condiz com a isenção que se exige de um relator. Assim, deliberou-se que caberá ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO) apresentar o pedido para que a votação seja aberta. Estima-se que, levada a voto, a tese será referendada por pelo menos dez dos 15 senadores com direito a voto no conselho.
São três os argumentos que serão esgrimidos em favor do voto aberto: 1) pela Constituição, o sigilo se aplica apenas à votação que definirá se o mandato de Renan deve não ser cassado. Uma decisão que será tomada pelo plenário do Senado, não pelo Conselho de Ética, que tem poderes apenas para recomendar a cassação. 2) o regimento do Senado não prevê voto secreto no conselho; 3) há precedentes de voto aberto no Senado e na Câmara. Exemplo: todos os processos de cassação dos 19 deputados acusados na CPI dos Correios foram decididos em votações abertas na Comissão de Ética da Câmara.
Além do relatório de Casagrande e Serrano, será apresentado um documento alternativo do relator Almeida Lima (PMDB-SE). Partidário de Renan, o senador recomendará a absolvição do colega. A oposição deseja que o pedido de cassação seja votado antes. Prevê-se que pela mesma maioria favorável ao voto aberto.
Aliados de Renan podem pedir vista do relatório. Neste caso, o regimento determina que seja dado um prazo de, no máximo, cinco sessões. Em privado, Quintanilha revelou o desejo de liquidar a fatura no Conselho de Ética ainda nesta quinta. Admitiria, no máximo, o adiamento até a sexta.
Escrito por Josias de Souza
Além das suspeitas já conhecidas – inconsistências patrimoniais e negócios agropecuários suspeitos — o documento traz elementos que, na opinião dos relatores, constituem novas evidências que fulminam a versão de Renan de que pagou com recursos próprios a pensão da filha que teve com a jornalista Mônica Veloso.
Técnicos do Senado que auxiliaram na elaboração do pedido de cassação cruzaram os saques que Renan diz ter feito para pagar a pensão com o Imposto de Renda e com recibos apresentados pelo senador. Descobriram que, em várias oportunidades, os cheques bancaram despesas que nada têm a ver com os supostos pagamentos à jornalista.
Verificou-se, por exemplo, que um dos saques foi usado no pagamento de terras adquiridas por Renan. Chegou-se à descoberta porque o número do cheque foi mencionado por Renan em seu Imposto de Renda.
Um outro saque financiou o aluguel de pasto para o rebanho bovino do senador. Neste caso, a constatação foi possível porque, de novo, o número do cheque encontra-se anotado no recibo da operação de locação.
Os novos achados tornam ainda mais inverossímil a versão de Renan. Perícia do Instituto de Criminalística da Polícia Federal já havia detectado uma desconexão entre saques feitos na conta bancária do senador e os pagamentos à jornalista. Não coincidem nem as datas nem os valores.
Em sua defesa, o presidente do Senado alegara que os saques destinaram-se, na verdade, ao pagamento de várias despesas, não apenas da pensão. O problema é que, nos casos apontados no relatório de Casagrande e Serrano, verifica-se absoluta coincidência de valores entre determinados saques e despesas que nada têm a ver com a pensão.
Ou seja, ao menos no que diz respeito às retiradas que os técnicos do Senado conseguiram rastrear, o dinheiro foi integralmente utilizado para outras despesas. Descartou-se em definitivo a hipótese de que uma parte do numerário houvesse sido entregue a Mônica Veloso, como alegara Renan.
A sessão do Conselho de Ética em que será votado o pedido de cassação está marcada para as 10h desta quinta. O presidente do órgão, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), aliado de Renan, tentará impor a votação secreta. Será confrontado, porém, com um requerimento exigindo que a decisão seja transferida para o plenário do conselho.
Inicialmente, combinara-se que o requerimento seria apresentado por Casagrande. Avaliou-se, porém, que a iniciativa não condiz com a isenção que se exige de um relator. Assim, deliberou-se que caberá ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO) apresentar o pedido para que a votação seja aberta. Estima-se que, levada a voto, a tese será referendada por pelo menos dez dos 15 senadores com direito a voto no conselho.
São três os argumentos que serão esgrimidos em favor do voto aberto: 1) pela Constituição, o sigilo se aplica apenas à votação que definirá se o mandato de Renan deve não ser cassado. Uma decisão que será tomada pelo plenário do Senado, não pelo Conselho de Ética, que tem poderes apenas para recomendar a cassação. 2) o regimento do Senado não prevê voto secreto no conselho; 3) há precedentes de voto aberto no Senado e na Câmara. Exemplo: todos os processos de cassação dos 19 deputados acusados na CPI dos Correios foram decididos em votações abertas na Comissão de Ética da Câmara.
Além do relatório de Casagrande e Serrano, será apresentado um documento alternativo do relator Almeida Lima (PMDB-SE). Partidário de Renan, o senador recomendará a absolvição do colega. A oposição deseja que o pedido de cassação seja votado antes. Prevê-se que pela mesma maioria favorável ao voto aberto.
Aliados de Renan podem pedir vista do relatório. Neste caso, o regimento determina que seja dado um prazo de, no máximo, cinco sessões. Em privado, Quintanilha revelou o desejo de liquidar a fatura no Conselho de Ética ainda nesta quinta. Admitiria, no máximo, o adiamento até a sexta.
Escrito por Josias de Souza
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