Rio - A concentração dos 150 policiais, que incluiu o apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) para pôr em prática a Operação Uniforme Fantasma, começou às 3h em frente ao Ministério Público, no Centro. Só na reunião os agentes receberam dossiê com fotos, nomes e endereços dos acusados e dos locais de busca e apreensão. Apesar do cuidado, o Ministério Público não descarta que informações possam ter vazado para os acusados. Além de residências e empresas, foram feitas incursões nas prefeituras de Angra dos Reis, Santo Antônio de Pádua, Japeri, Paraíba do Sul, Magé e Rio Bonito.
Da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE) partiram as equipes em busca dos integrantes da família Cozzolino, que domina a política de Magé. Pouco depois das 6h, agentes da unidade chegaram ao condomínio Barra Bali, na Barra da Tijuca. Eles tinham informações de que ali morava Núcia Cozzolino, secretária de Fazenda de Magé. Porém, o porteiro do condomínio informou que ela havia se mudado.
O bairro de Fragoso, considerado reduto dos Cozzolino, foi vasculhado por agentes da Draco-IE. Primeiro, eles tentaram prender Charles Cozzolino em dois endereços, um deles na Avenida Automóvel Club 3.571. Numa casa luxuosa com piscina, morava uma irmã do ex-prefeito. Lá, documentos foram procurados. Em outro local, na Rua Paranhos 530, ele também não foi localizado. Perto dali, foi presa Renata Tuller Chaves Vidal Ribeiro, ex-secretária de Ação Social de Magé, e sua irmã, Raquel. Os agentes apreenderam ainda um computador e documentos.
Para prosseguir à caça de Núcia e Charles, os agentes montaram um QG em frente à 65ª DP (Magé), a poucos metros da sede da administração municipal. De lá, o delegado titular da Draco-IE, Claudio Ferraz, tentava monitorar os passos dos irmãos, com o apoio do Serviço de Inteligência da delegacia e da Coordenadoria de Serviço de Inteligência do Ministério Público.
Segundo investigações, mesmo sem ocupar cargo na prefeitura Charles seria responsável pelas obras realizadas no município. No relatório, ele negociaria ainda parte dos valores com Núcia e o secretário de Administração de Pádua, Tarcísio Aquino Padilha, e ainda verbas depositadas em contas de Organizações Não Governamentais (ONGs). Em gravações telefônicas, o ex-prefeito aparece determinando a liberação de veículos apreendidos e o roubo de peças dos carros.
A polícia apreendeu em Magé uma moto Yamaha avaliada em R$ 80 mil. Segundo a polícia, o veículo pertenceria a Adilson Tavares, o Tico, motorista e assessor da prefeita Núbia Cozzolino, preso ontem. Foi apreendido também um Audi em nome de empresa que tem como um dos acionistas dono de empresa nas Bahamas.
ESCUTAS: ‘TODO MUNDO GANHA!’
Em escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça, homem identificado como Dr. André conversa com outro, denominado Tico, sobre compra de tomógrafo superfaturado. Eles seriam o empresário André Wertonge Teixeira e Adilson Corrêa Tavares, assessor da prefeita de Magé, Núbia Cozzolino. Os dois foram presos na operação realizada ontem pela polícia.
Dr. André: “Eu quero mais é que você ganhe dinheiro, e você tem que querer que eu ganhe também. Tem que ser um negócio bom pra todo mundo, até porque é um dinheiro público, não tem dono, né? É dinheiro da prefeitura, então tem como dar uma margem e você ganha um dinheiro, eu ganho um dinheiro, todo mundo ganha!
Em outra gravação, o secretário de Administração de Santo Antônio de Pádua, Tarcísio Padilha, conversa sobre compra de votos com um vereador que tentará a reeleição.
Tarcísio: “Você não precisa nem sair de casa. 300 (votos) eu te garanto.”
Vereador: “Mas nós vamos coligar com outro partido.”
Tarcísio: “É o seguinte: o voto vai custar 50 ‘pau’. Eu vou ter que gastar com você R$ 150 mil.”
Nilópolis: alvo de processo
O prefeito de Nilópolis, Farid Abraão David, e o secretário de Saúde, Kiraz Constantine Karraz, são acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de superfaturar a compra de medicamentos no município da Baixada. O MPF entrou na Justiça com ação de improbidade administrativa.
O procurador da República Carlos Bruno Ferreira da Silva, autor da ação, alega que o município comprou medicamentos com valores 116,09% acima dos divulgados pelo Banco de Preços do Ministério da Saúde.
Além do prefeito, são alvos do processo o presidente da comissão de licitação, Nilton Gama Tibães, e as distribuidoras de remédios Farmed e Sobramate. A prefeitura teria pago R$ 147 mil em medicamentos estimados em R$ 68 mil pelo Ministério da Saúde. As diferenças praticadas variam de 12,31% (injeção de Penicilina G Benzatina) a 1.560% (comprimido de Ranitidina). A prefeitura de Nilópolis afirma que as licitações foram feitas em conformidade com a tabela do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
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