PORTO ALEGRE - O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que o governo federal poderá tomar alguma providência e "mobilizar uma investigação" se receber alguma informação concreta indicando que o Estado brasileiro tenha ordenado ou contribuído para um atentado contra o ex-presidente João Goulart, morto em 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, na Argentina.
"Para isso, precisamos de um dado real, que até agora não existe, pelo menos sob controle do Ministério da Justiça", ressaltou ontem,
A discussão sobre a morte de João Goulart, que governou o País de
A tese tem sido fomentada por entrevistas que o uruguaio Mario Neira Barreiro, preso em Charqueadas (RS) por tráfico de armas, falsidade ideológica, roubo e formação de quadrilha, vem dando desde 2002, uma das quais ao próprio João Vicente, afirmando que participou da operação de assassinato de João Goulart e negando que a morte tenha ocorrido por um enfarte de causas naturais, conforme a versão oficial.
Para Tarso, não há nenhuma informação concreta ou consistente e nenhum dado técnico confirmando que o regime militar brasileiro tenha articulado um atentado contra João Goulart. "Se isso chegar ao Ministério, obviamente será investigado, vai ser verificado", reiterou. "Mas até agora não chegou e o que há é apenas uma informação desse cidadão (Barreiro), do qual não se tem nenhuma visão de confiabilidade".
Apesar de exigir informações concretas, Tarso não descarta a possibilidade de João Goulart ter sido assassinado. O ministro disse que, nos anos 70, passou um mês na fazenda do ex-presidente no Uruguai, quando também estava no exílio, e percebeu que ele tinha uma vida simples, sem nenhuma precaução com sua segurança, costumando receber muitos visitantes com quem negociava gado ou conversava sobre política.
Segundo Tarso, o panorama histórico daquela época também torna possível pensar que um presidente no exílio pudesse sofrer atentados de serviços de segurança de ditaduras. "Generais chilenos legalistas e parlamentares uruguaios foram mortos na Argentina", recordou.
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