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PF cita Heráclito, mas não o inclui na lista de investigados

Relatório aponta, porém, troca de favores entre senador e lobista ligado a Dantas

Se a Justiça entender que democrata é, sim, alvo da apuração, o inquérito sairá da 6ª Vara Criminal de SP para o STF, devido ao foro


ALAN GRIPP, ADRIANO CEOLIN, RANIER BRAGON E RUBENS VALENTE

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Citado em pelo menos cinco situações diferentes no inquérito da Operação Satiagraha, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) é apresentado como integrante da rede de influência do Opportunity no poder. O relatório da PF aponta ainda a troca de favores entre o congressista e um lobista ligado a Daniel Dantas, mas, apesar disso, afirma que nem ele nem outras autoridades citadas são formalmente investigadas.

Se a Justiça decidir o contrário, isso poderá alterar os rumos da investigação. Nesse caso, o inquérito será enviado da 6ª Vara Criminal de São Paulo ao STF (Supremo Tribunal Federal), onde cada novo passo dependerá de autorização do ministro escolhido como relator. Qualquer advogado dos envolvidos pode reivindicar a transferência do inquérito.

Na semana passada, o presidente do STF, Gilmar Mendes, ao permitir a Heráclito acesso aos autos, considerou o senador como investigado.

Entre as cinco citações, segundo os documentos obtidos pela Folha, está um organograma que o aponta como integrante do grupo "agentes públicos e políticos associados".

O congressista também aparece em escutas telefônicas falando com o publicitário Guilherme Sodré, o Guiga, que, segundo a PF, é lobista de Dantas em Brasília. No relato da conversa, Guiga diz a Heráclito que "todas as pendências foram resolvidas" e agradece a "grande ajuda" do senador.

O diálogo ocorreu em 27 de março deste ano, menos de uma hora depois de Guiga conversar com o próprio Dantas ao telefone. Segundo a PF, Dantas diz ao publicitário "que acabou..., que fecharam o acordo".

Nesse mesmo dia, o Opportunity acertou sua saída da Brasil Telecom, abrindo caminho para a venda da empresa para a Oi. A criação da Supertele foi acompanhada com grande expectativa pelo governo, já que os fundos de pensão são sócios da Brasil Telecom.

Heráclito negou ontem ter participado da negociação. Ele disse à Folha que Guiga é seu amigo e que a "ajuda" dada ao publicitário foi para que ele conseguisse o visto americano para sua filha.

No dia seguinte (28), o democrata foi citado em conversa de Guiga com o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT). Guiga disse ao interlocutor que Heráclito foi ao plenário do Senado para "fazer a defesa da ministra" (da Casa Civil, Dilma Rousseff), no episódio do dossiê contra tucanos.

Naquele dia, Heráclito fez um discurso contendo elogios a Dilma. Mas sua fala também teve críticas à atuação da Casa Civil no episódio.

No dia 7 de abril, Heráclito deixou recado na caixa postal do celular de Carlos Rodenburg, ex-cunhado de Dantas e responsável pelos principais negócios dele. O senador diz estar ao lado do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e afirma que Jobim está preocupado com a segurança dele.

Ontem, Heráclito disse que se referia ao divórcio entre Rodenburg e a mulher.

O senador é citado ainda em uma conversa de Guiga com Arthur Joaquim de Carvalho, outro ex-cunhado de Dantas. Arthur cobra de Guiga explicações sobre o comportamento atípico de Heráclito, que teria acusado a senadora petista Ideli Salvatti (SC) de estar a serviço de Dantas. "É posição de partido, rapaz, ele não tem como ficar contra", explica Guiga.

Apesar das suspeitas, a PF diz que Heráclito e outras autoridades "não são objetos" da investigação.

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