LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Justiça da Inglaterra anunciou o bloqueio de US$ 46 milhões -o equivalente a R$ 83,7 milhões, de acordo com o câmbio de ontem - de envolvidos na Operação Satiagraha. Segundo a Secretaria Nacional de Justiça, o dinheiro é referente a investimentos do banco Opportunity naquele país. Não há informações sobre a quem pertence o valor bloqueado.
O pedido foi feito pelo governo brasileiro, a partir de requerimento do Ministério Público Federal, com base na investigação da Polícia Federal.
Deflagrada em julho, a operação prendeu Daniel Dantas, dono do Opportunity, executivos do banco, além do investidor Naji Nahas e do ex-prefeito Celso Pitta. Procurado, o advogado de Dantas, Nélio Machado, disse "desconhecer" o motivo do bloqueio do dinheiro.
No início do mês, a pedido do procurador Rodrigo de Grandis, a Justiça Federal de São Paulo determinou o bloqueio de um fundo de investimento do banco no valor de R$ 535,8 milhões – as operações do grupo foram consideradas "irregulares" no mercado financeiro.
O bloqueio determinado pelas autoridades britânicas é mais um capítulo da conturbada Satiagraha. Após ela ter sido deflagrada, o delegado que a chefiou, Protógenes Queiroz, foi afastado do comando sob a justificativa oficial de fazer um curso de especialização.
Depois da operação, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, chegou a declarar que havia no país um "Estado policialesco". Mendes concedeu os dois habeas corpus que livraram Dantas de duas prisões, decretadas pelo juiz Fausto De Sanctis.
O mais recente capítulo do caso é o debate sobre os métodos usados por policiais na operação. A participação de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o uso de colaboradores, como um ex-agente do serviço secreto, fez a defesa de Dantas usar declarações de autoridades, como o ministro Nelson Jobim (Defesa), para tentar anular a investigação.
O inquérito da Operação Satiagraha apura supostos crimes de gestão fraudulenta e de evasão de divisas atribuídos a Dantas e ao grupo Opportunity. Ele está sendo conduzido pela superintendência do órgão em São Paulo, sob a coordenação do delegado Ricardo Saadi, que substituiu Protógenes.
Dantas é réu em um processo criminal por supostamente ter oferecido propina de US$ 1 milhão a um delegado da PF, durante as investigações da Satiagraha, para que o nome dele fosse retirado do caso. Dantas nega participação na tentativa de suborno, que foi gravada.
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