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Numa das pontas, ele repassava informações atualizadas sobre o andamento do negócio no lado dos fundos para Humberto Braz - braço direito do banqueiro Daniel Dantas -, preso pela PF na Satiagraha, acusado de tentar subornar um delegado. Na outra, recebia ordens de Dantas para pressionar o governo e os fundos a aceitarem os termos do Opportunity.
Nas gravações feitas com autorização judicial, às quais a Folha teve acesso, Greenhalgh refere-se à fonte de suas informações como "Brasília" ou "capital", sem citar nomes. Ele recebeu instruções também de João Vaccari Neto, ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ligado a petistas como o ex-ministro Luiz Gushiken e Ricardo Berzoini (PT-SP), presidente do partido.
"Senhor, presta atenção. A ordem da capital é meter o pau nesse assunto sábado, domingo, segunda e assinar na terça-feira", disse Greenhalgh a Braz no dia 18 de abril, sexta-feira.
O acordo começou a ser assinado na madrugada de quinta para sexta (25/04). No relatório da Satiagraha, a PF acusou Greenhalgh da prática de "lobby" e "tráfico de influência" no governo, em benefício do Opportunity, para o fechamento do acordo.
O teor das conversas grampeadas contradiz a versão dada por Greenhalgh para explicar seu contrato com o Opportunity. Em nota divulgada em agosto, ele disse que seu trabalho fora "analisar processos" nas "esferas cível e criminal", como advogado do grupo.
No auge das negociações, Greenhalgh chegou a ir à sede da Previ (Banco do Brasil), sem hora marcada, para conversar pessoalmente com o presidente do fundo, Sérgio Rosa. A Previ confirmou que ele estava lá "como representante dos interesses do Fundo Opportunity, para discutir assuntos relacionados à proposta da compra da BrT pela Oi/Telemar".
Os dias que antecederam o fechamento dos negócios foram tensos, segundo as conversas captadas pela PF. Na véspera da assinatura do acordo (24/04), Dantas liga para Braz: "Eu recebi a informação que não sai hoje, tá? A temperatura... Não tá andando, tá? [...] Acho que agora a gente tem que levantar a temperatura com o Gomes [Greenhalgh] lá para a temperatura máxima [...]", diz o banqueiro, numa ordem para que Greenhalgh fosse acionado. "Gomes" era como o grupo de Dantas se referia ao petista.
No dia em que a transação foi concluída, Greenhalgh ligou para Vaccari, agradecendo a cooperação. Vaccari disse que havia falado com o "cara" e que "passaram a noite rubricando os documentos". Segundo a PF, o sujeito oculto da frase eram os dirigentes dos fundos.
Greenhalgh diz a Vaccari que já sabia da notícia e acrescenta que foram, ao todo, 121 contratos assinados por 70 pessoas.
Sem mencionar o nome de Dantas, Greenhalgh diz ainda que o banqueiro lhe pediu ajuda para recuperar sua imagem. "[Dantas teria dito:] "Não sou o f.d.p. que todo mundo imagina". Foi legal, foi um gesto de humildade também. Porque ele era muito, muito arrogante".
O fechamento do negócio vai render a Dantas mais de US$ 1 bilhão. Não se sabe ao certo quanto Greenhalgh ganhou.
Greenhalgh fez lobby para Dantas na venda da BrT à Oi
Escuta da PF mostra petista recebendo ordens para interceder junto a governo e fundos
Teor de diálogos contradiz versão dada por Greenhalgh para contrato com grupo; petista disse que "analisou processos" como advogado
LEONARDO SOUZADA
SUCURSAL DE BRASÍLIA – FOLHA SP
Diálogos captados na Operação Satiagraha da Polícia Federal revelam que o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT) participou ativamente, como representante dos interesses do Opportunity, da negociação com o governo e os fundos de pensão na venda da Brasil Telecom para a Oi (Telemar).
Numa das pontas, ele repassava informações atualizadas sobre o andamento do negócio no lado dos fundos para Humberto Braz - braço direito do banqueiro Daniel Dantas -, preso pela PF na Satiagraha, acusado de tentar subornar um delegado. Na outra, recebia ordens de Dantas para pressionar o governo e os fundos a aceitarem os termos do Opportunity.
Nas gravações feitas com autorização judicial, às quais a Folha teve acesso, Greenhalgh refere-se à fonte de suas informações como "Brasília" ou "capital", sem citar nomes. Ele recebeu instruções também de João Vaccari Neto, ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ligado a petistas como o ex-ministro Luiz Gushiken e Ricardo Berzoini (PT-SP), presidente do partido.
"Senhor, presta atenção. A ordem da capital é meter o pau nesse assunto sábado, domingo, segunda e assinar na terça-feira", disse Greenhalgh a Braz no dia 18 de abril, sexta-feira.
Greenhalgh havia recebido essa informação, em uma outra ligação minutos antes, de um homem não identificado pela PF, mas que os investigadores suspeitam tratar-se de alguém relacionado ao governo ou aos fundos de pensão.
O acordo começou a ser assinado na madrugada de quinta para sexta (25/04). No relatório da Satiagraha, a PF acusou Greenhalgh da prática de "lobby" e "tráfico de influência" no governo, em benefício do Opportunity, para o fechamento do acordo.
O teor das conversas grampeadas contradiz a versão dada por Greenhalgh para explicar seu contrato com o Opportunity. Em nota divulgada em agosto, ele disse que seu trabalho fora "analisar processos" nas "esferas cível e criminal", como advogado do grupo.
No auge das negociações, Greenhalgh chegou a ir à sede da Previ (Banco do Brasil), sem hora marcada, para conversar pessoalmente com o presidente do fundo, Sérgio Rosa. A Previ confirmou que ele estava lá "como representante dos interesses do Fundo Opportunity, para discutir assuntos relacionados à proposta da compra da BrT pela Oi/Telemar".
Os dias que antecederam o fechamento dos negócios foram tensos, segundo as conversas captadas pela PF. Na véspera da assinatura do acordo (24/04), Dantas liga para Braz: "Eu recebi a informação que não sai hoje, tá? A temperatura... Não tá andando, tá? [...] Acho que agora a gente tem que levantar a temperatura com o Gomes [Greenhalgh] lá para a temperatura máxima [...]", diz o banqueiro, numa ordem para que Greenhalgh fosse acionado. "Gomes" era como o grupo de Dantas se referia ao petista.
No dia em que a transação foi concluída, Greenhalgh ligou para Vaccari, agradecendo a cooperação. Vaccari disse que havia falado com o "cara" e que "passaram a noite rubricando os documentos". Segundo a PF, o sujeito oculto da frase eram os dirigentes dos fundos.
Greenhalgh diz a Vaccari que já sabia da notícia e acrescenta que foram, ao todo, 121 contratos assinados por 70 pessoas.
Sem mencionar o nome de Dantas, Greenhalgh diz ainda que o banqueiro lhe pediu ajuda para recuperar sua imagem. "[Dantas teria dito:] "Não sou o f.d.p. que todo mundo imagina". Foi legal, foi um gesto de humildade também. Porque ele era muito, muito arrogante".
O fechamento do negócio vai render a Dantas mais de US$ 1 bilhão. Não se sabe ao certo quanto Greenhalgh ganhou.
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