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Girão ficará preso 30 dias

Sargento bombeiro, eleito vereador, vai cumprir pena administrativa por transgressões disciplinares



Adriana Cruz


Rio - Acusado de envolvimento com a milícia da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, o segundo-sargento do Corpo de Bombeiro Cristiano Matias Girão, eleito vereador pelo PMN, vai ficar preso administrativamente por 30 dias. A decisão consta no boletim da corporação 216, folha 8900, publicado quarta-feira, ao qual O DIA teve acesso.

A ordem se baseou na conclusão do Conselho de Disciplina, gerado pela sindicância administrativa relativa ao processo E-09/0780/0006/2007, da Corregedoria Geral Unificada (CGU). O procedimento foi instaurado a partir dos registros de ocorrência 311/1943/04 e 357/1943/05, ambos da Delegacia de Homicídios Oeste (DH-Oeste). Nos inquéritos da polícia, Girão é suspeito de envolvimento com grupos paramilitares e de ser o mandante de um assassinato. Embora o sargento não tenha sido indiciado criminalmente, a CGU concluiu que ele cometeu transgressão disciplinar grave para atender a interesses particulares e de cunho político. Girão foi eleito com 10.383 votos.

Segundo informações da Corregedoria dos Bombeiros, no boletim da corporação, o sargento terá que ficar preso a partir de segunda-feira em um quartel e só poderá ser liberado no dia 24 de dezembro, véspera de Natal.

“É uma punição indevida. Fui eleito apesar de terem denegrido minha imagem. Não sou um monstro”, disse Girão. Ele e Carminha Jerominho — filha do vereador Jerônimo Guimarães e sobrinha do deputado estadual Natalino Guimarães, que estão presos — foram indiciados pela CPI das Milícias da Assembléia Legislativa por lucrar com a exploração de segurança clandestina, ‘gatonet’ e transporte alternativo.

A comissão sugeriu ainda que o Ministério Público peça a prisão dos dois, assim como a de outros políticos, como o vereador reeleito Geiso Pereira Turques (PDT/ São Gonçalo), dono da casa de shows Castelo das Pedras, e Chiquinho Grandão (PTB/Caxias).

MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA 20 VEZES MAIOR DO QUE O RENDIMENTO

Conforme mostrou a série de reportagens ‘Dossiê Milícia’, Cristiano Matias Girão tem problemas com a Receita Federal. Foi constatado que sua ex-mulher, Solange Ferreira Vieira, nunca teve carteira assinada, já teve o nome sujo no Serasa e, mesmo assim, possui bens e movimentação financeira impressionante desde 2003.

O cruzamento de dados mostra que a soma das transações bancárias de Solange nos últimos cinco anos é 20 vezes maior do que os rendimentos declarados. Ano passado, ela parou de depositar e retirar dinheiro. Em 2006, o casal, já separado, fez a seguinte negociação: o bombeiro repassou para Solange o imóvel onde mora na Barra da Tijuca, avaliado em R$ 500 mil, por R$ 15 mil.

Na CPI das Milícias, o militar afirmou que fez a doação a pedido do advogado da ex-mulher. Solange foi sócia minoritária do ex-marido em duas lojas comerciais em Gardênia Azul: a C. Lages e a Girão Madeiras. A média dos seus rendimentos era de menos R$ 1 mil. Mesmo assim, ela não teve vínculos empregatícios com as empresas.

Na mira do Ministério Público

O vereador eleito está na mira do Ministério Público Estadual também por outros casos. As promotoras Márcia Velasco e Christiane Monnerat abriram inquérito para investigá-lo, centralizando tudo o que já foi apurado sobre Girão desde 2001 na Delegacia de Homicídios da Zona Oeste (DH-Oeste), na 32ª DP (Taquara) e na Corregedoria do Corpo de Bombeiros.

Há investigações sobre outras pessoas que integrariam o segundo escalão da milícia de Gardênia Azul. São citados, em relatórios de inteligência, como subordinados a Girão, por exemplo, o policial civil Wallace de Almeida Pires, o Robocop, e o PM José Nilson Rogaciano Pereira, o Nilson Paraíba.

Em 2004, quando tentou se eleger vereador pela primeira vez, Juvaldo Gomes de Oliveira, o Chico Palavrão, foi morto após impedir que militantes que apoiavam o bombeiro colocassem propaganda política na sua casa. À época, a viúva de Chico declarou à polícia que tinha medo de ser retaliada por Girão. O bombeiro negou participação no crime e o caso foi arquivado.

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