Brasília - Manifestantes aproveitaram ontem o desfile de 7 de setembro em Brasília para fazer passeatas e protestos. Um dos principais protestos foi promovido por estudantes e integrantes da sociedade civil que pediram a saída do senador José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado.
Segundo o estudante de arquitetura da Universidade de Brasília (UnB) Alexandre Fortunato, 20 anos, a expectativa era tentar chegar perto da tribuna onde estava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades, mas os manifestantes foram impedidos por seguranças e policiais militares.
O estudante de Ciência Política da Universidade de Brasília, Raul Cardoso, afirmou que foi empurrado por um policial militar e houve conflito entre manifestantes e alguns policiais. Os cerca de 50 jovens que protestavam derrubaram uma das grandes de segurança e ficaram atrás de arquibancadas, mas ainda distante da tribuna de honra, onde estavam as autoridades. Eles cantaram o Hino Nacional e gritaram pedindo a saída do Sarney.
Os estudantes usaram um cartão vermelho como símbolo do movimento, a exemplo do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). No último dia 25, Suplicy mostrou um cartão vermelho para Sarney, que estava ausente da sessão, e pediu que o senador renunciasse ao cargo de presidente da Casa.
– O movimento não tem vinculação partidária. A gente só quer mostrar nossa indignação contra o Senado. O Sarney é um representante simbólico, mas a luta é contra todo Senado – explicou Raul, acrescentando que a ideia era chamar a atenção não somente do presidente, mas de toda a sociedade.
Outra manifestação ocorrida ontem em Brasília foi a do Grito dos Excluídos, que contou com apenas cerca de 30 participantes. A 15º edição do Grito dos Excluídos teve o objetivo de protestar contra a crise econômica e as demissões, a corrupção e a criminalização dos movimentos sociais, além de defender melhores salários e manutenção de direitos. Protestos paralelos do Grito dos Excluídos também foram realizados em outras cidades, como Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza e Manaus.
Também se concentraram em Brasília cerca de 20 aposentados. Eles fizeram o Grito do Ipiranga em protesto contra a proposta do governo para os aposentados, acertada com as centrais sindicais.
Segundo o presidente da Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos do Distrito Federal e Entorno, João Pimenta, os manifestantes também defenderam propostas, em tramitação no Congresso, que estendem reajuste do salário mínimo para todos os aposentados e pensionistas, acabam com o fator previdenciário e recuperam perdas salariais.
Outro grupo que se reuniu na Esplanada foi o Crítica Radical. Os cerca de 20 manifestantes pediram a extradição do italiano Césare Batisti. Segundo Rosa Fonseca, integrante do movimento, hoje os protestos continuam e será realizada uma vigília em frente ao Supremo Tribunal Federal. Na quarta-feira, o STF decidirá se aceita ou não o pedido de extradição do italiano.
– Trinta anos depois da anistia, não faz sentido o Brasil manter um preso político – argumentou Rosa.
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