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Empresário vende pacotes da Copa após favorecer Teixeira em negócio

Empresário vende pacotes da Copa após favorecer Teixeira em negócio

RODRIGO MATTOS - FOLHA DE SP
DE SÃO PAULO

Empresário que beneficiou Ricardo Teixeira em um negócio imobiliário é sócio de agência de turismo que ganhou o milionário direito de venda de pacotes VIP da Copa-14. É o que mostram documentos obtidos pela Folha.

Claudio Abrahão é o primeiro elo direto entre negócios do próximo Mundial e operações particulares do ex-presidente da CBF e do COL (Comitê Organizador Local).

Em março de 2009, Claudio vendeu cobertura em frente à praia da Barra da Tijuca, no Rio, a Ricardo Teixeira. É o apartamento 1.802, no nº 6.700 da Av. Lúcio Costa.

Por esse imóvel, o ex-presidente do COL pagou R$ 720 mil. Mas o valor do apartamento, de fato, é o triplo.

É o que mostra a própria escritura da transação. O imposto de transmissão pago era relativo a um imóvel de R$ 1,995 milhões.

Em 2006, um perito judicial avaliou o apartamento vizinho, em iguais condições, nº 1804, em R$ 2 milhões.

A TV Record revelou essa operação imobiliária no segundo semestre de 2011. Claudio é irmão de Wagner José Abrahão, dono do Grupo Águia, que realiza as viagens da CBF e tem longa relação com Ricardo Teixeira.

É também diretor da Stella Barros, agência do grupo.

Mas documentos na Junta Comercial e em cartórios de São Paulo mostram que Claudio é bem mais do que isso.

O empresário detém 34% das ações da Top Service Turismo, empresa que ganhou os direitos de hospitalidade do Mundial. O restante do capital dela é do Grupo Águia.

A Top Service obteve o contrato em parceria com a Traffic em nomeação, em 2011, da Match Hospitality, parceira comercial da Fifa.

As duas empresas já vendem pacotes VIP para a Copa, com acomodações, serviços e ingressos. A previsão é de ganho de cerca de US$ 300 milhões (R$ 544 milhões).

A Top Service tem sede em Barueri, com capital social de R$ 100 mil, ou 0,02% da renda que irá gerar no Mundial.

Claudio se tornou sócio da empresa em novembro de 2004, quando adquiriu 34% da companhia do próprio Grupo Águia e de Thiago Abrahão. O restante do capital ficou com o grupo.

Pelo estatuto da Top Service, os lucros são distribuídos de acordo com a participação societária, ou seja, Claudio ganhará 34%.

Não é a primeira vez que ele se beneficia de negócios ligados a Ricardo Teixeira.

Até abril de 2011, Claudio era sócio da Asa Participações, nome registrado em cartório do Grupo Águia.

A companhia reúne dez agências, entre elas a Top Service. Essas agências realizam as viagens da seleção e de torcedores à Copa.

Claudio, que continua dono da Top Service, era proprietário de um terço da Asa até 2011, quando repassou cotas ao irmão Wagner.

Quando vendeu o imóvel por um terço do preço a Ricardo Teixeira, Claudio já ganhava dinheiro da CBF.

Ele cedeu sua fatia no Águia quando estava para ser fechado o milionário contrato da Copa. Ficou sem as rendas da CBF, mas abocanhará lucro maior no Mundial.

Teixeira deixou a CBF e o COL, mas os acordos firmados com pessoas ligadas a ele continuam a gerar dinheiro.

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