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Senadores pedirão ao Supremo rapidez no processo contra Renan Calheiros (PMDB)

GABRIELA GUERREIRO - FOLHA DE SP
DE BRASÍLIA

Um grupo de senadores considerados adversários do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai pedir ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, para acelerar o julgamento de denúncia contra o peemedebista. Os senadores estão irritados com o que chamam de "ofensiva" de Renan contra o grupo.

A gota d'água foi o envio, pelo presidente do Senado, de petição contra os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e João Capiberipe (PSB-AP) à Procuradoria-Geral da República na semana passada.

Os dois foram contrários a eleição do peemedebista para o comando da Casa. Randolfe também é considerado "líder" da chamada bancada "ética" do Senado.

"Está em curso uma ofensiva contra senadores que são opositores declarados do senador. Vamos procurar o ministro Barbosa para termos uma reposta do Supremo", disse Randolfe.

O grupo também vai cobrar postura semelhante de Renan em denúncias que envolvam outros senadores, incluindo seus aliados: que todas sejam encaminhadas à procuradoria.

"A ideia é boa, desde que seja feita para todos os senadores. Esse fato de mandar denúncia para a procuradoria é salutar, mas que seja para todos", afirmou o senador Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE).

Jarbas disse que o julgamento da ação contra o peemedebista vai evitar que o Senado fique "exposto" na opinião pública.

Em fevereiro, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, denunciou Renan pelos crimes de peculato, falsidade ideológica e utilização de documentos falsos.

Segundo Gurgel, o senador apresentou notas frias para justificar gastos de sua verba indenizatória, o que comprovaria o desvio dos recursos público.

Para que Renan passe a responder a processo, o STF ainda terá que analisar o conteúdo da denúncia e entender que existem indícios suficientes para a abertura da chamada ação penal.

SURTO MORALIZADOR


Jarbas também cobrou hoje que o "surto moralizador" do presidente do Senado se reflita em ações práticas, como a votação do projeto que acaba com o voto secreto para a escolha do comando da Casa.

"Na última década, o Senado foi presidido por Renan e pelo senador José Sarney. Está na hora dele se levantar contra uma coisa que sempre o beneficiou, a votação secreta", disse Jarbas.

O grupo dos chamados "independentes" articula uma reunião na próxima semana na casa do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) para formalizar ações contra o presidente do Senado.

Além da petição contra Randolfe e Capiberibe, o grupo diz que Renan mudou a distribuição das comissões da Casa, o que excluiu o PSOL de ter cadeiras em comissões permanentes da Casa. O único representante do PSOL no Senado é Randolfe.

Os senadores chamados de "éticos" também consideram estranho o fato de um inimigo político do senador Pedro Taques (PDT-MT) ter conseguido entrar no Senado mesmo depois de a Polícia Legislativa ter sido avisada sobre ameaças feitas por ele ao parlamentar.

OUTRO LADO


Por meio de sua assessoria, Renan negou que tenha dado início a uma ofensiva contra o grupo de senadores. O presidente do Senado também disse ser favorável ao julgamento "rápido" das ações que tramitam no STF. "O maior interessado no esclarecimento disso tudo sou eu", afirmou via assessoria.

Renan ainda disse que, em sua gestão na presidência, a praxe será encaminhar todas as denúncias contra parlamentares a procuradoria.
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