Por Redação - de São Paulo
Secretário de Desenvolvimento Econômico do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Garcia (DEM-SP) recebeu doações do ex-diretor de vendas da Siemens, Everton Rheinheimer, segundo registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 2006, Garcia era candidato a a deputado estadual; em 2010, a federal, cargo para o qual foi eleito e licenciou-se em maio de 2011 para ocupar a secretaria. Em nota, a assessoria de Garcia diz que as doações foram feitas na forma de compra de convite para jantar, em valores que variam entre R$ 1 e R$ 2 mil. Mas a proximidade entre o corruptor e o suspeito de aceitar a corrupção é um ponto a ser definido nas investigações em curso.
Garcia admite ter visto Rheinheimer nesses eventos, mas afirma que não manteve relações com ele depois. A venda ao diretor da Siemens foi feita por colaboradores da campanha, segundo Garcia. Um irmão do secretário, Marco Aurélio, tem sido alvo de investigações por parte do Ministério Público e da Controladoria Geral do Município por suspeita de lavagem de dinheiro da máfia do Imposto sobre Serviços (ISS), na qual fiscais cobravam propina para diminuir o valor do ISS a ser recolhido.
O nome de Marco Aurélio aparece em dois episódios na apuração sobre os fiscais. No primeiro, o imóvel usado pelo grupo foi alugado pelo empresário e emprestado a Ronilson Rodrigues, acusado de liderar o grupo de fiscais. E no segundo, Marco Aurélio afirma que vendeu um pequeno apartamento a Ronilson por R$ 1 milhão, mas a documentação permanece em seu nome porque fizeram “contrato de gaveta”, segundo dados do inquérito aos quais o Correio do Brasil teve acesso.
Forte esquema
Rheinheimer, ao entregar ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) um relatório onde mostra “a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, Alckmin e (José) Serra”, afirmou que o objetivo principal do propinoduto era o “abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM”. Apesar de o relatório ter sido entregue no dia 17 de abril, somente nesta sexta-feira foi divulgado, em reportagem publicada no diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo, assinada pelos jornalistas Fernando Gallo, Ricardo Chapola e Fausto Macedo.
Os “propineiros tucanos”, como são chamados no jargão policial, fazem parte da cúpula do PSDB nacional e, pela primeira vez, são citados nominalmente no esquema criminoso. O documento entregue por Rheinheimer menciona o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), os secretários estaduais José Aníbal (Energia), também deputado (PSDB-SP), e Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos), todos integrantes da mais alta cúpula tucana nacional.
Aloysio Nunes chegou a ser cotado para vice do presidenciável tucano, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), mas se vê às voltas, novamente, em denúncias de corrupção. Em 2010, Nunes foi ligado ao engenheiro conhecido como Paulo Preto, homem de confiança do tucanato paulista que acabou acusado de desaparecer com mais de R$ 4 milhões de um suposto “caixa 2″ da campanha de Serra. Ele nega todas as acusações.
Sobre Aloysio, Jurandir e Garcia, Reinheimer afirma ter tido “a oportunidade de presenciar o estreito relacionamento do diretor-presidente da Procint, Arthur Teixeira, com estes políticos”. Sobre Aníbal, anotou: “Tratava diretamente com seu assessor, vice-prefeito de Mairiporã, Silvio Ranciaro”.
Roberto Arruda
O diretor da Siemens ainda apontou o vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli (PMDB), e o ex-governador do DF José Roberto Arruda como “políticos envolvidos com a MGE Transportes (Caterpillar)”. A MGE é apontada pelo Ministério Público e pela Polícia Federal como a outra rota do propinoduto, via subcontratações – a empresa era fornecedora da Siemens e de outras companhias do cartel.
Rheinheimer diz ser o autor da carta anônima que deflagrou a investigação do cartel dos trens, enviada em 2008 ao ombudsman da Siemens. Ele relata ter feito as denúncias para se “defender de rumores sobre seu envolvimento neste escândalo”. O executivo assevera que, apesar de suas denúncias, a Siemens optou por “abafar o caso”.
Rheinheimer, localizado pela reportagem, não quis dar entrevista.
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