Gastança e planos mirabolantes para a refinaria assustaram a diretoria da Astra, que já articulava o fim do negócio no mesmo ano em que ele foi fechado
Ana Clara Costa | Veja
A lua de mel entre a Astra Oil e a Petrobras após a assinatura do acordo de acionistas para a compra da refinaria de Pasadena durou poucos meses. O memorando de entendimentos entre as duas empresas foi assinado em março de 2006 e o acordo foi fechado em setembro daquele ano. Contudo, já em dezembro, diretores da Astra trocavam e-mails apontando diferenças estratégicas irremediáveis entre ambas e a necessidade de saída da companhia belga do negócio.
A troca de mensagens consta de documentos obtidos pelo site de VEJA na Justiça do Texas e aponta que a diretoria da empresa belga se articulava um mês antes da reunião de diretores da refinaria (que ocorreria em janeiro de 2007 e contaria com a participação da Petrobras) para pensar numa estratégia de saída do negócio. Em e-mail enviado ao presidente da Astra, Mike Winget, e ao brasileiro Alberto Feilhaber, ex-funcionário da Petrobras e então diretor da empresa belga, o diretor Tom Nimbley afirmava que “as profundas diferenças culturais e filosóficas entre as duas empresas” dificultavam a criação de uma parceria de longo prazo construtiva. “Nós devemos considerar seriamente a execução de uma estratégia de saída que atenda aos interesses da Astra”, escreveu o executivo.
A troca de mensagens consta de documentos obtidos pelo site de VEJA na Justiça do Texas e aponta que a diretoria da empresa belga se articulava um mês antes da reunião de diretores da refinaria (que ocorreria em janeiro de 2007 e contaria com a participação da Petrobras) para pensar numa estratégia de saída do negócio. Em e-mail enviado ao presidente da Astra, Mike Winget, e ao brasileiro Alberto Feilhaber, ex-funcionário da Petrobras e então diretor da empresa belga, o diretor Tom Nimbley afirmava que “as profundas diferenças culturais e filosóficas entre as duas empresas” dificultavam a criação de uma parceria de longo prazo construtiva. “Nós devemos considerar seriamente a execução de uma estratégia de saída que atenda aos interesses da Astra”, escreveu o executivo.
Ao insistir na ampliação, a Petrobras colocava em risco justamente o retorno anual de 6,9% à Astra nas operações de refino, previsto na cláusula Marlim. Em resposta, o diretor Terry Hammer afirmou que o aumento dos custos criava “um abismo” entre a forma como a Astra enxergava o negócio e a visão da Petrobras. “Nós simplesmente não temos os mesmos objetivos. Enquanto nós estamos lutando para ganhar alguns dólares otimizando a refinaria, a Petrobras é uma empresa completamente integrada que está olhando para os números de forma muito diferente”, escreveu Hammer.
Para o executivo, os gastos eram o último item da lista de preocupações da estatal. “Como Alberto (Feilhaber) disse tantas vezes, a Petrobras não tem nenhum problema em gastar dinheiro”. O executivo relata uma conversa que teve com o então presidente da Petrobras América, Robson Bertoni, em que perguntou se Pasadena era o projeto mais caro da estatal no exterior. Bertoni afirmou que não e que o plano estratégico para a produção de petróleo no exterior custaria 5 bilhões de dólares apenas na primeira fase. Em documento enviado ao Comitê de Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos (CFIUS, na sigla em inglês), a Petrobras se comprometeu a investir, no mínimo, 2 bilhões de dólares em Pasadena.
Tom Nemley respondeu afirmando que a estatal seria uma fonte constante de perda de recursos e capital humano — e que negociar a venda da participação da Astra a um valor “aceitável” era a melhor saída, permitindo à empresa belga buscar outras oportunidades “mais alinhadas com seus interesses”. A briga judicial que colocou fim à sociedade se iniciou apenas em 2009 e durou mais de dois anos, com a Petrobras assumindo um rombo total de 1,18 bilhão de dólares pela compra de 100% da refinaria.
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