A obra é um centro de pesquisa em recursos hídricos no Triângulo Mineiro.
Nesta sexta (29), assessoria do hoje senador negou irregularidades.
Flavia Cristini | G1 MG
Uma auditoria da Controladoria-Geral de Minas Gerais aponta suposto dano aos cofres públicos devido a irregularidades na obra de um centro de pesquisa em recursos hídricos, em Frutal, no Triângulo Mineiro, cujas obras começaram em 2009, no governo de Antonio Anastasia (PSDB), atual senador e relator da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A assessoria de Anastasia nega irregularidades.
Senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) |
As irregularidades foram apontadas em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, desta sexta-feira (29), que cita que a controladoria auditou amostra de R$ 37,7 milhões da obra, ou 16% dos R$ 230 milhões do total do projeto. A Controladoria-Geral de Minas, órgão do governo estadual que atua na prevenção e no combate à corrupção, confirmou a informação ao G1. Ainda segundo o órgão, dessa parte, os auditores verificaram suposto dano aos cofres públicos no valor de R$ 18 milhões, ou seja, 48% do que foi investigado.
A obra do centro de pesquisas, chamado Centro das Águas – Hidroex, incluiu recursos estaduais, federais e tem parceira da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
A auditoria da controladoria foi iniciada em fevereiro de 2015. As irregularidades encontradas seriam superfaturamento, armazenagem e controle inadequado de equipamentos, não entrega de equipamentos, pagamento indevido a empresas por serviço não prestado ou prestado em desacordo e restrição à competitividade em licitação.
A empresa CWP (Construtora Waldemar Polizzi), que pertenceu a parentes de Anastasia, teria sido favorecida com desvios de R$ 8,6 milhões. O relatório recomenda ao órgão gestor da obra a adoção de providências para reparação do dano.
Ao G1, o engenheiro Waldemar Anastasia Polizzi, primo do senador Anastasia, afirmou que a construtora CWP pertencia ao pai, falecido em 2007. Depois disso, ele e os irmãos assumiram a empresa até 2009, quando foi vendida.
O engenheiro diz que, em maio de 2010, foi contratado como responsável técnico pelos novos donos, mas não participou das decisões da empresa. “Nunca participei de nada a partir de 2009. Nem sei se assinei, porque nem lembro mais, para efeito de licitação. Nunca fui à obra [da Hidroex]”, afirmou.
Polizzi afirma que não conheceu detalhes da licitação do centro de pesquisa de recursos hídricos e negou que possa ter havido qualquer tipo de favorecimento pelo fato de ser parente do senador. Sobre o suposto desvio no valor de R$ 8,6 milhões, disse também não ter conhecimento. Segundo o engenheiro, a obra foi contratada em meados de 2011, mas foi executada depois que ele deixou a empresa. A saída em novembro do mesmo seria por motivos pessoais, que não foram informados.
A assessoria de imprensa do senador Antonio Anastasia (PSDB) informou em nota que ele “jamais teve participação na empresa Construtora Waldemar Polizzi ou em qualquer outra empresa” e que nunca ouviu falar de suspeitas de irregularidades nesse projeto. Ainda de acordo com a nota, ele não foi chamado pela controladoria para falar sobre o assunto e defende que as denúncias devem ser apuradas.
O Ministério Público de Minas Gerais instaurou inquérito civil para apurar as irregularidades nas obras. A investigação Grupo Especial de Promotores de Justiça de Defesa do Patrimônio Público
Obras
A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais (Sectes) disse que as do Complexo Cidade das Aguas, paralisadas desde setembro de 2014, foram retomadas no ano passado. O prédio da Hidroex está com 90,10% das obras concluídas. A Vila Olímpica está com 81,67% e a infraestrutura aparece com 47,81% do total previsto já entregue.
As demais obras foram retomadas em 2016 porque, segundo a Sectes, “no mencionado complexo, funcionam, também, a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), a Fundação HIDROEX e a Universidade Aberta e Integrada de Minas Gerais (UAITEC).
O PSDB e a empresa CWP foram procurados pelo G1, mas ainda não se manifestaram sobre o assunto.
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