Narcio Rodrigues é ex-deputado federal e foi presidente estadual do PSDB.
Esquema desviou verba de centro de tecnologia em Frutal, segundo MPE.
Do G1 MG
O Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPE-MG) prendeu, nesta segunda-feira (30) seis pessoas por suspeita de desvio de R$ 14 milhões entre 2012 e 2014. Dentre os detidos estão o ex-secretário de estado Narcio Rodrigues (PSDB), servidores públicos e empresários, um deles português. Rodrigues foi secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais durante o governo de Antonio Anastasia (PSDB), entre dezembro de 2010 e novembro de 2014. Ele também foi presidente do partido em Minas.
Narcio Rodrigues |
Segundo o MPE, a operação Aequalis investiga o desvio de verba pública que deveria ser destinada à Fundação Hidroex, vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, entre 2012 e 2014. A fundação desenvolvia, em Frutal, no Triângulo Mineiro, um centro de pesquisas de recursos hídricos.
Foram presos ainda Neif Chala, ex-servidor da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais; Alexandre Pereira Horta, engenheiro do Departamento de Obras Públicas de Minas Gerais; Luciano Lourenço dos Reis, funcionário da CWP Engenharia Ltda; Maurílio Reis Bretas, sócio administrador da CWP Engenharia Ltda; e o português Hugo Alexandre Timóteo Murcho, diretor no Brasil da multinacional portuguesa Yser e da empresa Biotev Biotecnologia Vegetal Ltda.
Dois dos detidos chegaram a Belo Horizonte, durante a noite, de avião. O presidente da multinacional Yser, Bernardo Ernesto Simões Moniz da Maia, é considerado foragido.
Além das prisões, foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Frutal, Uberaba, Conselheiro Lafaiete, São João Del Rei e em São Paulo (SP). O material apreendido resultou em 84 sacos lacrados com documentos, computadores, aparelhos celulares e mídias digitais.
De acordo com o MPE, a operação tinha como objetivo colher prova de crimes de peculato, corrupção ativa e passiva, fraude a licitações, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As investigações foram intensificadas no segundo semestre de 2015, a partir do envio de relatórios da Controladoria-Geral de Minas que apontavam o desvio. Ainda segundo o Ministério Público, não há indícios de envolvimento de autoridades com foro privilegiado no esquema.
Durante a manhã, ex-secretário, que também foi deputado federal por cinco mandatos, foi levado no carro da polícia para a sede do Ministério Público Estadual de Minas Gerais (MPE-MG), na capital mineira, onde foi ouvido. À tarde, Rodrigues foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), para ser submetido a exame de corpo de delito e, depois, deu entrada na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A defesa dele não foi localizada.
Por meio de uma nota, o PSDB de Minas Gerais disse que não conhece detalhes da operação e que “o partido defende que, havendo indícios de irregularidades, elas sejam investigadas pelos órgãos competentes e, em havendo comprovação de crime, eles sejam punidos”. Sobre a Hidroex, a legenda disse que “foi um projeto aprovado em 2007 pela Unesco, tendo as obras iniciadas em 2011. Em 2014, as obras foram paralisadas e retomadas em 2016”.
Os presos ficarão detidos na Nelson Hungria. Eles cumprem prisão temporária de cinco dias, sendo prorrogáveis por mais cinco.
Em nota, a Secretaria de Comunicação do governador Fernando Pimentel (PT) disse que o atual governo começou a auditar o projeto “Cidade das Águas” em fevereiro de 2015. Segundo a nota, “procedimentos de auditoria abrangeram diversos Termos de Cooperação Técnica, convênios para transferência de recursos federais e outras parcerias, sendo todos firmados entre os anos de 2007 e 2014. Os relatórios da auditoria foram encaminhados ao Ministério Público Estadual para as providências necessárias”. O governo ainda disse que a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior de Minas está à disposição para prestar esclarecimentos.
Irregularidades na Hidroex
Uma auditoria da Controladoria-Geral de Minas Gerais apontava, em abril deste ano, suposto dano aos cofres públicos devido a irregularidades na obra de um centro de pesquisa em recursos hídricos, em Frutal, no Triângulo Mineiro, durante o governo de Antonio Anastasia (PSDB), atual senador e relator da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff. À época, a assessoria de Anastasia negou existência de crimes.
As irregularidades foram apontadas em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, no dia 29 de abril de 2016, que citava que a controladoria auditou amostra de R$ 37,7 milhões da obra, ou 16% dos R$ 230 milhões do total do projeto. A Controladoria-Geral de Minas, órgão do governo estadual que atua na prevenção e no combate à corrupção, confirmou a informação ao G1. Ainda segundo o órgão, dessa parte, os auditores verificaram suposto dano aos cofres públicos no valor de R$ 18 milhões, ou seja, 48% do que foi apurado.
A obra do centro de pesquisas, chamado Centro das Águas – Hidroex, incluiu recursos estaduais, federais e tem parceira da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O ex-secretário disse em nota, em abril, que não teve participação no processo licitatório e no acompanhamento da execução de obras. Afirmou também que, caso haja, qualquer irregularidade ou desvio, a posição será sempre de pedir apuração criteriosa e punição dos eventuais culpados.
Filho de Narcio Rodrigues elogia o pai em discurso
No dia da votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, o deputado federal Caio Narcio (PSDB-MG), filho do ex-secretário, votou pelo afastamento da petista e citou seu pai.
“Por um Brasil aonde meu pai e meu avô diziam que decência e honestidade não era possibilidade, era obrigação. Por um Brasil aonde os brasileiros tenham decência e honestidade”, afirmou o parlamentar no último dia 17 de abril, com uma bandeira do país nas mãos.
0 $type={blogger}:
Postar um comentário