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Cooperativas vão ter de explicar pagamentos a cabos eleitorais

Mesquita ampliou gastos com pessoal em 2014 e manteve vínculos na campanha de 2016


Elizeu Pires

Durante os quatro anos da gestão do prefeito Rogelson Sanches Fontoura, o Gelsinho Guerreiro, o município de Mesquita gastou mais de R$ 300 milhões com a contratação de mão de obra através de cooperativas supostamente de trabalhadores, mas que funcionam como empresas de prestação de serviços, instituições que chegam a receber por funcionário até três vezes mais que o efetivamente pago aos contratados. 


A instituição que mais dinheiro recebeu dos cofres públicos de Mesquita é Coopsege, sucessora da Multiprof, que faturou cerca de R$ 200 milhões no período, sendo R$ 23 milhões nos últimos três meses de 2016, mas saiu sem pagar os vencimentos de outubro, novembro e dezembro, deixando revoltados os que realmente trabalharam, repetindo o calote dado por outra cooperativa, a Renacoop, que embolsou R$ 2 milhões no fim do ano e também deixou seus contratados a zero.

Gelsinho saiu devendo três meses de salário aos servidores, mas tratou de garantir o da Coopsege
Gelsinho saiu devendo três meses de salários aos servidores, mas tratou de garantir o da Coopsege

Além do calote, os responsáveis pela Cooperativa de Profissionais de Serviços Gerais (Coopsege) pela Renascer Cooperativa de Trabalho (Renacoop) vão ter que explicar agora a contratação de cabos eleitorais da deputada Daniele Guerreiro, de vereadores e do ex-prefeito. Se no passado deu lucro a alguns e ajudou a eleger amigos do poder, a chamada "farra das cooperativas" na cidade mais jovem da Baixada Fluminense deve resultar agora é em dor de cabeça e insônia para muita gente, inclusive as chamadas "lideranças", pessoas que vivem de cargos comissionados ou contratações terceirizadas para, na verdade, atuarem como cabos eleitorais de quem as indicou ao emprego.

De acordo com as denúncias já apresentadas, a lista de "fantasmas”, pessoas que recebiam salário como se estivessem trabalhando em setores da Prefeitura - mas que na verdade estariam à serviço de seus "padrinhos" - é longa, envolvendo até moradores de outros municípios, pessoas que teriam trabalhado na campanha da deputada Daniele Cristina Figueiredo Fontoura, a Daniele Guerreiro (PMDB), que foi a mais votada em Engenheiro Paulo de Frontin, por exemplo, onde recebeu apoio do grupo político do hoje prefeito da cidade, Jauldo Neto (PHS). Ela obteve 995 votos por lá e, coincidência à parte, 2014, foi o ano em que a Prefeitura de Mesquita mais gastou com as cooperativas: R$ 88.399.065,51 R$ 38.276.943,61 a mais que o total pago em 2013.

Se as cooperativas vão ter de dar explicações, os indicados por políticos também e um dos que terão de provar que realmente trabalhava para o município - e em que período isso aconteceu - é o hoje vereador Sergio Henrique Pinheiro, o Pebo, eleito pelo mesmo partido de Gelsinho, o PRB. Ele aparece na lista da Coopsege como "lotado" no apoio operacional da Secretaria de Esportes, onde também estavam alocados Carlos Augusto Raimundo e Ewerton Fernandes Martins, que seriam sócios em uma empresa, a Ótica Ponto Fino.

A chamada "farra das cooperativas" começou em 2013, quando foi feito um empenho global de R$ 68.329.254,32 em favor de quatro cooperativas, sendo efetivamente pago o total de R$ 50.122.122,10. Naquele ano a Captar Cooper recebeu R$ 7.186.965,91 e a Coopsege R$ 20.165.712,34; a Multiprof faturou R$ 14.115.306,88 e a Renacoop o total de R$ 8.654.136,97. No ano seguinte o município passou a contratar pessoal só de duas cooperativas, a Coopsege e a Renascer, mas os gastos subiram de R$ 50.122.122,10 para R$ 88.399.065,51, com a Coopsege recebendo R$ 66.871.930,06 e a Renacoop R$ 21.527.135,45.

O esquema vem sendo denunciado desde 2014 e no ano passado uma lista com 3.253 nomes de contratados via Coopsege e nela foram constatados 85 CPFs em duplicidade e 535 supostos contratados sem o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas da Receita Federal.

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