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Greve dos caminhoneiros derrubou produção industrial em 10%

Setor teve retração de 10,9% em maio, em comparação com o mês de abril, e de 6,6% em relação ao mesmo período de 2017. Paralisação desarticulou a cadeia produtiva em termos de matéria-prima e logística.


Deutsch Welle


A greve dos caminhoneiros, que durou 11 dias, fez com que a produção industrial brasileira recuasse 10,9% entre abril e maio, segundo os números divulgados nesta quarta-feira (04/07) pelo IBGE. É a maior baixa desde dezembro de 2008 (-12%), quando uma crise atingia a economia global.

Greve dos caminhoneiros desarticulou processo de produção no Brasil
Greve dos caminhoneiros desarticulou processo de produção no Brasil

Em relação a maio de 2017, sem levar em conta os ajustes sazonais, a produção industrial recuou 6,6%, a retração mais intensa registrada desde outubro de 2016 (-7,3%), interrompendo 12 meses consecutivos de números positivos.

A indústria brasileira teve expansão de 2% nos cinco primeiros meses de 2018, nível bem abaixo do resultado registado até abril (4,5%).

"O índice acumulado dos últimos 12 meses, ao passar de 3,9% em abril para 3% em maio de 2018, assinalou redução na intensidade do crescimento e interrompeu a trajetória ascendente iniciada em junho de 2016", afirmou o IBGE.

André Macedo, que dirigiu a pesquisa, observou que a greve "desarticulou o processo de produção em si, seja pelo abastecimento de matéria-prima, seja pela questão da logística na distribuição. A entrada do mês de maio caracterizou uma redução importante no ritmo de produção".

As duas semanas de paralisação dos caminhoneiros contra o aumento dos combustíveis no Brasil influenciou negativamente 24 dos 26 setores da indústria nacional. As produções mais afetadas foram as de veículos automotores, carrocerias e reboques (-29,8%) e a de alimentos (-17,1%).

Algumas das quedas mais acentuadas ocorreram também na indústria de bebidas (-18,1%), confecção de artigos de vestuário e acessórios (-15,4%), celulose, papel e produtos derivados (-13,0%), produtos de minerais não metálicos (-14,3%), produtos de borracha e material plástico (-10,5%), produtos de metal (-10,5%) e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,9%).

Em maio, os dois únicos setores que registaram crescimento no Brasil, em comparação com o mês anterior, foram os dos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,3%) e das indústrias extrativas (2,3%).

Entre as categorias de bens de consumo duráveis, o recuo foi de 27,4%, influenciado, em grande parte, pela redução da produção automobilística. Esta foi a queda mais acentuada desde o início da série histórica, interrompendo três meses consecutivos de índices positivos que acumularam expansão de 7,6%.

Os setores de bens de capital (-18,3%) e de consumo semi e não duráveis (-12,2%) também apontaram taxas negativas mais elevadas do que a média nacional (-10,9%), eliminando os ganhos acumulados nos meses de março e abril, de 5,7% e 1,2%, respectivamente.

O setor de bens intermediários também registrou queda na produção (-5,2%), com a perda mais acentuada desde dezembro de 2008 (-11,9%), revertendo o crescimento de 1,5% registrado em abril.

O recuo de 6,6%, comparado a maio de 2017, ocorreu em razão de resultados negativos nas quatro grandes categorias econômicas, além de 24 dos 26 ramos, 63 dos 79 grupos e 69,7% dos 805 produtos pesquisados pelo IBGE.

Além dos efeitos da greve dos caminhoneiros, houve também a influência do chamado efeito-calendário, já que maio de 2018 teve um dia útil a menos do que o mesmo mês do ano anterior.

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