O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta sexta-feira o filho Flávio Bolsonaro e criticou o Ministério Público do Rio de Janeiro pela investigação sobre supostas movimentações financeiras irregulares do atual senador e ex-deputado estadual fluminense, e também lançou ataques contra o governador do RJ, Wilson Witzel.
Por Pedro Fonseca | Reuters
Rio de Janeiro - “Você já viu o MP do Estado do Rio de Janeiro investigar qualquer pessoa, qualquer corrupção, qualquer deslize, qualquer agente público do Estado? E olha que o Estado mais corrupto do Brasil é o Rio de Janeiro”, disse Bolsonaro a jornalistas na saída do Palácio do Alvorada.
Senador Flávio Bolsonaro e presidente Jair Bolsonaro 21/11/2019 REUTERS/Ueslei Marcelino |
“Vocês já perguntaram para o governador Witzel por que a filha do juiz Itabaiana está empregada com ele?”, acrescentou, em resposta irritada ao ser questionado sobre novos desdobramentos das investigações sobre Flávio.
O juiz Flávio Itabaiana foi o responsável por autorizar buscas e apreensões e quebras de sigilo bancário, fiscal e de dados telefônicos de uma série de envolvidos com o caso de Flávio Bolsonaro, como o ex-assessor Fabrício Queiroz, familiares e a ex-mulher de Bolsonaro.
De acordo com o MPRJ, um esquema de desvio de salários de funcionários do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro bancou a compra de dois apartamentos em Copacabana e a participação do parlamentar na sociedade de uma franquia de uma rede de chocolates.
Segundo os promotores do MPRJ, foi montada uma complexa rede de crimes para o favorecimento de Flávio tendo como base a chamada “rachadinha” — esquema de desvios de salários de assessores — que era operada principalmente pelo ex-assessor Fabrício Queiroz, que geralmente manejava saques e depósitos dos recursos em espécie.
Mesmo sem recursos, segundo o MP, o então deputado entrou como sócio em uma franquia de loja de chocolates e começou a ter um lucro mais rápido que o comum e em valores acima de seu sócio, cujo MP suspeita se tratar se um laranja. Ocorreu ainda, conforme as investigações, depósitos e saques expressivos das contas da empresa.
Segundo Bolsonaro, a loja de chocolates de Flávio tem alto faturamento porque o senador conhece muitas pessoas importantes que são clientes do estabelecimento. A empresa foi um dos 24 endereços que foram alvos de busca e apreensão na quarta-feira, determinados pela Justiça do Estado do Rio.
“Arrombaram a loja de chocolate do meu filho. As franquias são controladas, não é o cara abre uma franquia e abandona. Ninguém lava dinheiro em franquia”, disse Bolsonaro. “Desde o ano passado, investigam meu filho e não acharam nada... Investiguem o que bem entender, mas não dessa forma”.
Na quinta-feira, em um vídeo distribuído por sua assessoria de imprensa, Flávio Bolsonaro disse que o objetivo da investigação do MP RJ é atingir o pai.
Flávio Bolsonaro nega ter cometido irregularidades e recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) após a operação do MPRJ.
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