Corregedoria promete investigar os servidores que ganham mais de R$ 18 mil e não aparecem para trabalhar. Em um dos casos, servidor teve três meses de férias consecutivas.
Por Pedro Figueiredo e Guilherme Boisson | RJ2
Um dia após a denúncia exclusiva do RJ2 que mostrou servidores da Alerj que não aparecem para trabalhar, mesmo ganhando salários que ultrapassam os R$ 18 mil por mês, três deles estiveram na assembleia, nesta quarta-feira (4). A equipe de reportagem conversou com eles pelo telefone.
Um dia após a denúncia exclusiva do RJ2 que mostrou servidores da Alerj que não aparecem para trabalhar, mesmo ganhando salários que ultrapassam os R$ 18 mil por mês, três deles estiveram na assembleia, nesta quarta-feira (4). A equipe de reportagem conversou com eles pelo telefone.
Plenário do palácio Tiradentes, local de trabalho dos deputados do RJ — Foto: Reprodução TV Globo |
Em nota, o presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT), afirmou que vai abrir uma sindicância para apurar as denúncias. A corregedoria da casa também anunciou que vai investigar o caso.
"A gente vai abrir uma sindicância para cada um dos funcionários e apurar essas eventuais faltas, onde estavam e checar as denúncias com o maior rigor possível", disse o corregedor e deputado Jorge Felippe Neto (PSD).
Mais cedo, o Ministério Público do Rio informou que as denúncias apresentadas serão analisadas por uma das oito promotorias de justiça de tutela coletiva de defesa da cidadania para avaliar se cabe uma investigação.
Servidor teve 3 meses de férias
Entre os servidores citados na reportagem nesta terça-feira (3), seis tinham sobrenomes conhecidos na política fluminense: Nader, Cozzolino e Dauaire.
Nesta quarta, o RJ2 encontrou mais um servidor com pouca frequência na Alerj. Betinho Dauaire é funcionário da casa, mas somente em 2019 teve três meses consecutivos de férias, sem contar os períodos de recesso parlamentar, nos meses de janeiro e julho.
Questionada sobre a situação de Betinho, que tirou mais de cinco períodos de férias em 2019, a Alerj não respondeu.
Mais de 5 mil funcionários
A Alerj tem atualmente 5.030 funcionários comissionados e 613 servidores efetivos. São quase seis mil pessoas que trabalham entre o Palácio Tiradentes, sede do poder legislativo, o prédio anexo, local onde ficam os gabinetes, e as bases eleitorais dos deputados.
Grande parte desses funcionários efetivos foi contratada antes da constituição de 1988 e, portanto, sem concurso público.
Os funcionários da Alerj têm sua frequência de trabalho checada por uma ficha de ponto. Só os deputados contam com um leitor biométrico para confirmarem presença no plenário da casa.
"Há um problema na origem, que é essa questão de um excesso de livre nomeação, ao invés de concurso público e, especificamente, uma ausência no controle da frequência desses servidores e também um relatório de atividades, quais são as atividades que eles estão desempenhando", comentou o cientista político e professor da PUC-RJ, Ricardo Ismael.
Controle de presença
A Alerj informou que estuda uma maneira de criar um sistema eletrônico para o ponto dos funcionários.
Em outubro, os deputados aprovaram um projeto para trazer mais transparência à Assembleia Legislativa. A partir de abril, a Alerj terá que especificar em quais gabinetes trabalham os servidores comissionados e efetivos.
"Hoje a gente se acostumou a olhar muito para o orçamento do Poder Executivo. E tá faltando olhar um pouco para o orçamento do poder Legislativo. Há, de fato, indícios de uma quantidade muito grande de funcionários. Sabendo que a gente tem 70 deputados estaduais, a proporção é muito elevada nessa relação. São mais de 5 mil funcionários e 70 deputados estaduais", explicou o professor.
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