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Magistrados, delegados e bicheiros são presos em operação da Polícia Federal

Foram 25 prisões em três estados e no DF. Anísio, da Beija Flor, está entre os detidos. Eles são acusados de envolvimento na máfia dos caça-níqueis.

Alícia Uchôa
Do G1, no Rio

A Polícia Federal prendeu 25 pessoas na manhã desta sexta-feira (13) na Operação Hurricane (furacão, em inglês). Entre os detidos, estão desembargadores, delegados da PF, um procurador que já estava afastado, contraventores, um agente e um sevidor da PF, além de empresários e advogados.

Na operação, foi apreendido um volume de dinheiro que a polícia afirma ser muito grande, mas que ainda está sendo contado e que será transportado em um carro-forte para uma agência da Caixa Econômica Federal. Trinta carros - a maioria importados - e uma moto foram levados para o estacionamento do Cais Porto, na Praça Mauá, no centro do Rio, e que fica em frente à sede regional da Polícia Federal.

Os detidos são suspeitos de envolvimento em exploração de jogos ilegais, corrupção de agentes públicos, tráfico de influência e receptação. Por envolver magistrados, que têm foro privilegiado, o caso está sendo conduzido pelo Supremo Tribunal Federal, e o ministro Cezar Peluso decretou sigilo de justiça.

Entre os presos, estão o ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal, desembargador José Eduardo Carreira Alvim; o juiz Ernesto da Luz Pinto Dória, do Tribunal Regional do Trabalho - 15a. região(em Campinas, SP); o delegado da Polícia Federal de Niterói, Carlos Pereira da Silva; o procurador regional da República João Sérgio Leal Pereira, que está afastado e é o único preso na Bahia; e os contraventores Aniz Abraão David, o Anísio, presidente de honra da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, Aílton Capitão Guimarães, presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio, seu sobrinho Júlio Guimarães, e o banqueiro do jogo do bicho Antônio Petrus Kalil, também conhecido como Turcão.

O gabinete do ex-vice-presidente do Tribunal Regional Federal, desembargador José Eduardo Carreira Alvim foi lacrado na manhã desta sexta por agentes federais, no Rio de Janeiro. O presidente do tribunal, o desembargador federal Antônio Castro Aguiar não quis se pronunciar sobre a prisão dele.

“Estamos diante das maiores operações de combate a corrupção já realizadas no Brasil, pelo nível das pessoas detidas. Os delegados ganhavam para atacar determinados grupos”, contou o Renato Porciúncula, diretor de Inteligência da PF.

Nos 70 mandados de busca e apreensão cumpridos no Rio, em São Paulo, em Brasília e na Bahia, foram apreendidos vários carros, documentos e uma grande quantia de dinheiro. “A maior dificuldade está em contabilizar todo o valor apreendido. O dinheiro está sendo lacrado em malotes, que vão ser conduzidos em carro forte para serem depositados na Caixa Econômica Federal”, explicou o Superintendente Regional da PF, Delci Carlos Teixeira. Ao todo, 360 policiais de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, e 94 viaturas trazidas desses estados para o Rio em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Os investigados ficarão detidos em Brasília.

Defesas

Na casa do desembargador Carreira Alvim, a informação é a de que ele convocará uma entrevista coletiva para esclarecer os fatos. Segundo parentes, Carreira Alvim já constituiu advogado. O advogado de Antônio Petrus Kalil, o Turcão, informou que, até o fim do dia, vai anunciar quais os procedimentos que pretende adotar na defesa do seu cliente.

Investigação

As investigações tiveram início há um ano, quando a PF descobriu contrabando de componentes eletrônicos para máquinas caça-níqueis. Na mesma época, o delegado da PF que foi preso nesta sexta-feira (13), Carlos Pereira, comandou a operação Vegas para reprimir o funcionamento ilegal de bingos e de máquinas caça-níqueis. A operação acabou deflagrando duas outras ações na seqüência, Vegas II e III.

A Polícia Federal identificou uma organização criminosa especializada na prática de múltiplos crimes, incluindo exploração de jogos ilegais, corrupção de agentes públicos, tráfico de influências e receptação. Foi apurado durante a investigação o envolvimento de pessoas com prerrogativa de foro, o que implicou no encaminhamento de Relatório de Inteligência Policial ao Supremo Tribunal Federal, que resultou no Inquérito nº 2424/2006 – STF, presidido pelo Ministro Relator Cézar Peluso.

De acordo com a assessoria de imprensa da PF, o inquérito embasou a manifestação do Procurador-Geral da República, Antônio Fernando de Souza, que culminou na expedição das buscas e prisões cumpridas nesta sexta-feira.

Os contraventores Anísio, Turcão e capitão Guimarães já tinham sido condenados em 1993 a 6 anos de prisão por envolvimento com o jogo do bicho. Foi o maior julgamento de binheiros no país. Ao todo, 14 foram presos. Mas, três anos depois, favorecidos pela liberdade condicional, todos já estavam fora da cadeia.

Veja a listagem dos presos na operação "Hurricane"
(lista divulgada pela Polícia Federal)


Ailton Guimarães Jorge
Aniz Abrahão David
Antonio Petrus Kalil - O Turcão
José Renato Granado Ferreira
Paulo Roberto Ferreira Lino
Belmiro Martins Ferreira
Licínio Soares Bastos
Laurentino Freire dos Santos
José Luiz Rebello
Júlio Guimarães Sobreira
Jaime Garcia Dias
Evandro da Fonseca
Silvério Nery Cabral Júnior
Sérgio Luzio Marques de Araújo
Luiz Paulo Dias de Mattos
Susie Pinheiro Dias de Mattos
Francisco Martins da Silva
Marcos Antônio dos Santos Bretas
Virgílio de Oliveira Medina
Carlos Pereira da Silva
José Eduardo Carreira Alvim
Ernesto da Luz Pinto Dória
José Ricardo de Siqueira Regueira
João Sérgio Leal Pereira
Ana Cláudia Rodrigues do Espirito Santo

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