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Oposição tem primeira derrota na CPI do Apagão

Tribuna da Imprensa

BRASÍLIA - O governo usou o rolo compressor e conseguiu impedir, ontem, a votação na CPI do
Apagão Aéreo da Câmara de requerimento com pedido de auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que envolvam segurança e controle do tráfego aéreo.

Essas auditorias apontam irregularidades em órgãos como a Empresa Brasileira de Infra-
Estrutura Aeroportuária (Infraero), responsável pela administração dos aeroportos, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e na Aeronáutica.

Neste primeiro embate entre aliados e oposição, o governo mostrou sua força na CPI da Câmara:
foram 15 votos contra a inclusão na pauta de votação do requerimento apresentado pela oposição e nove a favor do pedido.

"Aquilo que não se fizer aqui, haverá pressão para se faça na CPI do Apagão que será instalada
no Senado", argumentou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), autor do requerimento com o pedido de auditorias do TCU. "Nossa preocupação é não transformar esta CPI em uma comissão que trata de todos os assuntos, menos do apagão aéreo", observou o presidente da comissão, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI).

"Estão querendo fazer uma luta política intestina aqui na CPI", disse o deputado André Vargas
(PT-PR). Na segunda sessão administrativa da CPI do Apagão Aéreo, os deputados não votaram
nenhum requerimento - a única votação foi o pedido de inclusão na pauta do requerimento de Fruet.

Na maior parte da sessão, que durou cerca de 1h30, os aliados e a oposição bateram boca sobre
o imbróglio envolvendo o vôo do papa Bento XVI de volta à Itália, no último domingo. O relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), divulgou documento enviado pelo Comando da Aeronáutica com a transcrição dos diálogos entre o piloto do boeing da Alitália, que levou o papa, o controlador do Cindacta 3 - centro de controle aéreo -, em Recife, e o piloto de um vôo comercial da TAM.

A transcrição dos diálogos mostra que não houve falha no equipamento de controle aéreo, mas
na comunicação entre o piloto do boeing da Alitália e o controlador de vôo. Ficou claro que o controlador não entendeu o que dizia em inglês o piloto do avião que levava o papa.

De acordo com a transcrição dos diálogos, o piloto da Alitália tentou, oito vezes, explicar ao
controlador que o papa queria mandar uma mensagem para o presidente da República. O piloto
perguntava se o controlador iria gravar ou escrever à mão a mensagem e em qual freqüência deveria transmitir o recado do papa.

Um piloto TAM, que momentos antes havia pedido permissão para mudar de nível, interferiu e
perguntou ao controlador se ele estava entendendo que o papa estava querendo passar uma mensagem para o presidente da República. Só então o controlador entrou em contato com o piloto da Alitália e deu sinal verde para que a mensagem fosse transmitida.

Os diálogos foram lidos na sessão da CPI do Apagão Aéreo pelo deputado Vic Pires Franco
(DEM-PA), que sugeriu que a Aeronáutica ofereça cursos de inglês para os controladores de vôo. Vic Pires fez questão de ler a transcrição dos diálogos em inglês fluente.

Irritado, o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) protestou: "Não temos de ficar discutindo isso
aqui. Daqui a pouco, vão querer convocar o papa para vir à CPI dizer se é verdade essa história da mensagem". "Da próxima vez, que o papa use o celular para falar com o presidente Lula!", disse Costa.
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