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Escutas da Polícia Federal indicam que Vavá oferecia lobby no Judiciário

do enviado da Folha a Campo Grande
da Agência Folha, em Campo Grande


Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ofereceu serviços de lobby no Judiciário, segundo escutas telefônicas da Polícia Federal na Operação Xeque-Mate.


Vavá participou de reuniões em São Bernardo do Campo e Brasília com agropecuaristas para tentar reverter decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça).


A investigação aponta que essas reuniões aconteceram com os empresários identificados como "André" e "Jairo". Eles haviam perdido, em segunda instância, ação estimada em R$ 6 milhões contra a usina de cana-de-açúcar Maracaí, no município paulista de mesmo nome.


Vavá foi orientado a se encontrar com os agropecuaristas por Nilton Cezar Servo. Após perderem a ação, os agropecuaristas procuraram Servo. Alegaram que a decisão foi "negociada", segundo expressão que "André" usou.


A partir daí, Servo pediu a ajuda de seu irmão, Nivaldo. A idéia era acompanhar Vavá em Brasília para que pudessem obter algum ganho no negócio.


Numa conversa com Nivaldo, Nilton contou que a idéia de prestar serviços de lobby no processo partiu do próprio Vavá. Segundo Nilton, Vavá tinha um advogado "do esquema", cujo nome não é revelado.


"Eu só quero que acompanhe. Porque o que que vai acontecer. Depois que der certo, o Vavá, tonto, [vai dizer] ah, me dá R$ 10 mil, R$ 20 mil, R$ 5 mil. A conta é um negócio de R$ 1 milhão", descreveu Nilton ao seu irmão, Nivaldo.


Os dados conhecidos até aqui sobre a operação da PF não esclarecem se Vavá teve sucesso. Mas a promessa de interferência na decisão, segundo entendeu a PF e o Ministério Público Federal, levou a polícia a indiciar Vavá pelo suposto crime de exploração de prestígio.


André, o empresário que teria se reunido com Vavá em março, foi localizado ontem pela Folha no mesmo telefone celular com prefixo 018 que foi interceptado pela PF em conversas com Servo. Ele ouviu em silêncio por dois ou três minutos as afirmações da reportagem sobre a investigação policial e, então, afirmou: "Eu não tenho nada a declarar".


Indagado sobre a reunião em Brasília, André não negou nem confirmou. Sobre possível disputa judicial com a Usina Maracaí, alvo do lobby detectado nas escutas, André disse que "não tem nada disso aí, não".


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