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O código Cafeteira, o circo e o MCI

Publicado em 18|06 pelo(a) wiki repórter Soares, Divinópolis-MG

A farsa montada pelo Senado na pseudo-investigação do seu presidente, Renan Calheiros, pode ganhar novos contornos neste início de semana. Se por um lado existe uma maioria de senadores disposta a estabelecer um rito sumaríssimo com o propósito de arquivar o caso sem muitas delongas, por outro, as denúncias apresentadas pelo Jornal Nacional, da Globo, fizeram crescer o número de senadores, especialmente da oposição, dispostos a prolongar a agonia do político alagoano.

A nova lógica dos oposicionistas – DEM e PSDB – nasceu da repercussão negativa que o caso tem tido junto a parcelas da opinião pública, dos ganhos políticos que poderão advir deste novo posicionamento e da evidente inconsistência da defesa apresentada por Renan.

É fato que se não fosse investigada e denunciada pela mídia, a inconsistência da defesa de Renan já teria sido dada como verdade absoluta e o político alagoano já estaria absolvido, inclusive com os votos dos oposicionistas no Conselho, com a remessa do processo para o arquivamento, conforme conclusão do relator Epitácio Cafeteira, que, por sinal, acaba de pedir afastamento do cargo, alegando problemas de saúde.

Passaram os oposicionistas a refletir sobre a conveniência de continuarem fiéis ao presidente do Senado e sobre os prejuízos políticos que advirão do fato de se colocarem ao lado do corporativismo. Também se soma a tudo isto o fato de a oposição ter vislumbrado na renúncia ou na cassação de Renan uma possibilidade, embora longínqua, de chegar à presidência do Senado.

Mas para o cidadão comum, porém bem informado e consciente, pouco importa a lógica, a estratégia e os maquiavelismos de políticos, governistas ou oposicionistas. O que importa no presente caso é que um grupo de pessoas eleitas para representá-lo tem se dedicado muito mais às práticas imorais, ilegais e antiéticas, e, numa tentativa de escondê-las, continua a praticar outra série de atos imorais, ilegais e antiéticos. É o que vem fazendo Renan Calheiros.

A propósito disso, circula na internet uma carta de um internauta tão indignado quanto nós todos, sob o sugestivo título de O Código de Cafeteira, da qual apresento alguns trechos:

“Ficamos combinados que pelo Código Cafeteira todo senador e deputado, de agora em diante, pode pagar as contas de R$ 100.000,00 usando dinheiro vivo, sem declarar os gastos ao Imposto de Renda;

...valer-se de lobista de empreiteira para resolver questões de foro íntimo e que envolvam dinheiro;

...apresentar emendas orçamentárias que beneficiam justamente a empresa do lobista-amigo-secretário-tesoureiro;

...usar escritórios de empreiteiras como sua tesouraria pessoal;

...usar apartamento de lobista para encontros amorosos;

...ter lobista fiador de suas despesas pessoais;

...ter suas campanhas políticas financiadas por empreiteiras;

...vender bois com recibos frios para compradores fantasmas...”

Isto é um pouco do que se sabe até agora a respeito das práticas do presidente do Congresso. O que o feliz internauta conseguiu, com rara habilidade, foi sintetizar uma sucessão de ilegalidades que o senador Epitácio Cafeteira, do alto de sua posição de relator do caso no Conselho de Ética, não consegue ou não quer enxergar. Resta saber se nesta cegueira continua acompanhado pela maioria dos componentes do Conselho. A reunião desta terça feira dirá.

É fato evidente que a maioria da população brasileira está completamente alheia ao que acontece em Brasília, mas também é incontestável que existe um grupo significativo de cidadãos indignados, porém, infelizmente, inertes e dispersos, que sabem o custo para o seu bolso e para o País dos sucessivos circos armados em Brasília por políticos como Renan Calheiros e Cafeteira, que insistem em nos fazer de palhaços.

Muito mais do que o MST, tomado como exemplo, e outros movimentos sectários, que estão voltados para propósitos muito específicos e corporativos, o que o Brasil necessita é de um amplo movimento de cidadãos visando fazer com que os políticos brasileiros tenham um mínimo de ética, sentimento cívico, responsabilidade e vergonha na cara. Eu chamaria a este movimento de MCI (Movimento dos Cidadãos Indignados). Não existe outra solução que preserve e aprimore a democracia e faça este País funcionar: é preciso passar da pura e simples indignação à ação.

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