ANDRÉA MICHAEL
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Fontes da Polícia Federal confirmaram o afastamento de três delegados da instituição pelo prazo de 60 dias por determinação da ministra Eliana Calmon, do STJ (Superior Tribunal de Justiça). São eles: Zulmar Pimentel, César Nunes e Paulo Bezerra.
Pimentel, diretor-executivo da PF, é considerado o segundo homem dentro da instituição, atrás somente do diretor-geral, Paulo Lacerda. Nunes é superintendente da PF na Bahia e Bezerra, delegado da PF, havia se afastado do cargo para comandar a Secretaria de Segurança Pública da Bahia.
Eles são investigados por vazamento de informações sigilosas e suposto envolvimento com a quadrilha que fraudava licitações para realização de obras públicas na Bahia.
Segundo investigações da PF, Pimentel teria avisado João Batista Paiva Santana, ex-superintendente da Polícia Federal no Ceará, que ele estava sendo investigado pela Operação Octopus (polvo).
Nunes e Bezerra, por sua vez, teriam ligação com a suposta quadrilha que fraudava licitações na Bahia. Os dois teriam sido avisados por Pimentel das investigações.
O vazamento das informações prejudicou a operação da PF, que acabou sendo congelada. Numa das ocasiões, Nunes e Bezerra mandaram prender agentes do setor de inteligência da PF que estavam investigando os dois.
Reportagem da Agência Folha desta terça-feira informa que a PF voltou a investigar oito empresários da área de segurança na Bahia que atuariam nos mesmos moldes da Gautama para fraudar licitações públicas realizadas pelo governo. A construtora Gautama é comandada pelo empresário Zuleido Veras, acusado de corromper políticos para vencer licitações. Veras foi preso durante a Operação Navalha.
Pimentel, que está fora de Brasília, já foi informado sobre o afastamento. Ele deve retornar ainda hoje para a capital federal e dar explicações sobre o caso.
No caso de Bezerra, as fontes da PF não souberam se a determinação de afastamento dada pelo STJ afeta a Secretaria de Segurança Pública da Bahia. É que ele já está afastado do cargo de delegado da PF.
Intimação
Eliana Calmon intimou na noite de ontem o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau e os governadores de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), e do Maranhão, Jackson Lago (PDT), a prestarem depoimento sobre o esquema de fraudes em licitações para a realização de obras públicas, desmontado pela Operação Navalha, da Polícia federal.
Os depoimentos foram marcados para amanhã. Além deles, no mesmo dia, a ministra deve ouvir o deputado distrital Pedro Passos (PMDB) e Ulisses César Martins de Sousa, conselheiro federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
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