RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo
Um terço dos deputados estaduais da Assembléia Legislativa de São Paulo recebeu doações financeiras, durante a última campanha eleitoral, de empresas contratadas para realizar o programa de construção de casas populares da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) do governo paulista.
Na semana passada, a Alesp, por meio de uma manobra regimental comandada pelo presidente da Casa, Vaz de Lima (PSDB), enterrou a proposta de se criar, ainda neste ano, uma CPI para investigar supostas irregularidades na CDHU reveladas em inquéritos do Ministério Público e da Polícia Civil.
Dos 94 parlamentares estaduais eleitos em 2006, 32 (cerca de 34% do total) receberam doações de 31 empresas que mantêm ou mantinham, até o início de 2007, algum tipo de contrato no Qualihab, o principal programa da CDHU, criado em 1996. As empresas despejaram nesse grupo de candidatos vitoriosos R$ 1,85 milhão.
Esses contratos podem ser objeto de apuração em caso de instalação de uma CPI. Mas, à exceção consórcio LBR/Tejofran, que teve dois funcionários presos e liberados na região de Pirapozinho, nenhuma dessas empresas foi citada nas investigações do Ministério Público.
Ao todo, para candidatos a vários cargos
A Construtora OAS, que detém contrato com a CDHU assinado em setembro de 2006 e com validade de um ano, lidera o ranking de contribuições aos deputados estaduais paulistas eleitos, com R$ 845 mil.
Dos 32 deputados que receberam recursos nas suas campanhas, 13 são filiados ao PSDB, partido que detém a maioria na Assembléia, oito são do PT, quatro, do DEM, dois, do PMDB, dois, do PSB, e um do PDT, do PPS e do PTB.
O presidente da Assembléia entre março de 2005 e março de 2007, Rodrigo Garcia (DEM), recebeu doações pequenas (R$ 22 mil) se comparadas com o total declarado pela campanha --cerca de R$ 1,3 milhão. Mas é significativo o número de doadoras com vínculo com a CDHU. Foram dez: OAS, Faleiros, Multimil, Saned, Comagi, Enger, Geribello, Setepla, Sistema Pri e Sondotécnica.
Hoje secretário estadual de gestão, o deputado Sidney Beraldo (PSDB), presidente da Assembléia Legislativa entre 2003 e 2004, obteve R$ 63 mil de quatro empresas contratadas pela CDHU. Ele declarou um total de R$ 825 mil em doações na sua campanha.
Entre os petistas, as doações mais volumosas foram para Rui Falcão, ex-secretário de Governo da prefeita Marta Suplicy (2001-2004). Sua campanha recebeu R$ 150 mil da OAS e R$ 5 mil da Planova.
Orlando Morando Júnior (PSDB) recebeu R$ 508 mil dessas duas empresas, sendo R$ 358 mil da Planova. Isso representou quase a metade de tudo o que ele arrecadou durante a disputa, R$ 1,08 milhão.
Colaborou CATIA SEABRA, da Folha de S.Paulo
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