RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília
A Polícia Federal vai fazer uma perícia mais profunda nos documentos apresentados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para se defender das acusações de quebra de decoro parlamentar. Na nova perícia, a PF vai verificar a autenticidade dos documentos e das transações financeiras realizadas por Renan no período de 2002 a 2006.
"Nós precisamos ter essa perícia da PF. Ela é fundamental. Mas teremos também que fazer outras investigações", disse o senador Renato Casagrande (PSB-ES), um dos três novos relatores do processo contra Renan.
A decisão de pedir para a PF aprofundar as investigações foi tomada hoje numa reunião entre dois dos três novos relatores do processo -- Casagrande e Marisa Serrano (PSDB-MS) -- com o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, e o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO). O terceiro relator, senador Almeida Lima (PMDB-SE), alegou problemas de saúde e não participou da reunião.
O Conselho de Ética comunicará Renan na terça-feira sobre a necessidade dele apresentar mais documentos. A expectativa da PF é concluir a nova perícia 20 dias depois da entrega de toda a documentação.
Marisa Serrano disse que espera contar com a colaboração de Renan nessa nova etapa da investigação. "Nós dependemos também da boa vontade do presidente Renan [para enviar logo dos documentos]."
O senador é acusado de utilizar recursos da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão alimentícia e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento. Renan também responde a acusações de que teria beneficiado a empreiteira com a liberação de emendas parlamentares para obras executadas pela empresa.
Primeira perícia
Esta não é a primeira vez que o Conselho de Ética recorre à PF para analisar a autenticidade dos documentos de defesa entregues por Renan.
Para comprovar que seus ganhos eram compatíveis com os pagamentos, Renan apresentou documentos que apontavam um ganho de R$ 1,9 milhão, nos últimos quatro anos, com a venda de gado.
A primeira perícia da PF verificou que Renan entregou notas fiscais com indícios de fraude, além de documentos que apresentavam, entre si, uma "diferença" de 511 cabeças de gado na venda declarada, cerca de R$ 600 mil, quase um terço do que ele afirma ter ganho com atividades agropecuárias desde 2003.
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