Jorge Hage afirma que Norte e Nordeste sofrem com 'atraso político'.
Segundo ele, a sociedade dessas regiões tem 'dificuldade de modernização'.
MIRELLA D´ELIA Do G1, em Brasília
O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, afirmou nesta terça-feira (24) que o Norte e o Nordeste são “campeões em irregularidades” na administração de recursos federais.
“Essas são regiões de maior atraso político e menor acesso à informação. Não é por acaso que há dificuldade de maior modernização da sociedade nesses locais”, disse Hage.
A afirmação é, segundo ele, baseada no trabalho de fiscalização da aplicação de recursos públicos em estados e municípios de todas as regiões do país, feito desde 2003 pela CGU. Até hoje, diz o ministro, os auditores do órgão já fiscalizaram a gestão de cerca de R$ 8 bilhões de recursos públicos.
'Sorteio'
O ministro-chefe da CGU participou do sorteio, em Brasília, de 60 municípios e 8 estados que serão investigados pela CGU. O trabalho inclui a fiscalização de obras, a checagem de documentos e bens e entrevistas com moradores e agentes públicos.
Segundo Hage, as auditorias possibilitam a descoberta de empresas inexistentes, a não-execução de contratos e o pagamento de obras que não foram feitas, além do pagamento de propinas.
Na avaliação dele, a atuação da CGU ajudou a desbaratar quadrilhas como a dos sanguessugas, que atuava na compra superfaturada de ambulâncias, e da Construtora Gautama, apontada pela Polícia Federal (PF) como a central de um esquema de fraudes em licitações e desvio de recursos públicos desmontado pela Operação Navalha.
Gautama
Nesta segunda-feira (23), a CGU decidiu que a Gautama está impedida de fechar novos contratos com a Administração Pública. E que os contratos em vigor devem ser cancelados, com exceção de obras em fase final de execução.
“Esperamos que isso sirva de exemplo e inibição para outras empresas que costumam ter as mesmas práticas e não foram descobertas”, comentou.
Prejuízo
Apesar do levantamento que é feito pela CGU, o ministro Jorge Hage admitiu que, na maioria dos casos, o índice de recuperação de recursos públicos perdidos com irregularidades é baixo, o que acaba gerando prejuízo para a União.
Ele explicou que, apesar da fiscalização, há demora em punir culpados. Segundo ele, isso está relacionado à grande quantidade de recursos judiciais que podem ser utilizados, protelando o resultado final. “Os corruptos sabem e podem pagar bons advogados”, afirmou.
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