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Assim se administra o Brasil: Lula condiciona cargos à aprovação da CPMF

Decisão foi comunicada a aliados; na semana passada, PMDB do Senado se rebelou em votação de interesse do governo

Contribuição provisória foi aprovada em 1º turno na Câmara e tem de passar por 2ª votação; se for aprovada, matéria vai para o Senado


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião ontem com os presidentes dos partidos aliados e os líderes das bancadas que apóiam o governo no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condicionou novas nomeações para cargos públicos à aprovação da prorrogação até 2011 da CPMF.

"Não tem discussão de cargo no meio da votação", disse Lula, segundo relato de um ministro e dois líderes de bancadas. O presidente fez a afirmação ao falar da aprovação da CPMF, que gerará cerca de R$ 38 bilhões neste ano.

A emenda que prorroga a contribuição tramita na Câmara. Ela já foi aprovada em primeiro turno e tem de ser apreciada numa segunda votação. Será preciso obter novamente mais de três quintos (pelo menos 308 dos 513 deputados).

Se aprovada, seguirá para o Senado, onde também terá de se submeter a dois turnos com apoio mínimo de dois terços (49 dos 81 senadores).

O presidente resolveu endurecer com aliados após a rebelião do PMDB do Senado na semana passada e depois de líderes das bancadas na Câmara darem declarações cobrando verbas e nomeações.

Durante a reunião de ontem, Lula disse ainda, segundo os relatos: "Não tem na minha mesa nenhum pedido da bancada do PMDB do Senado". Foi um recado aos rebeldes peemedebistas que derrubaram a MP que criava a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, com status de ministro para o titular e mais de 600 cargos.

Lula orientou o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, a interromper as nomeações pedidas por aliados. Nas palavras de um auxiliar, se admitir negociar mais cargos durante a votação da CPMF, Lula teria de "duplicar a quantidade de postos federais" para atender aliados.

A crise com o PMDB ocupou a parte final do encontro. O líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), procurou se explicar. "A derrota no Senado ocorreu porque tem faltado conversa. Eu gostaria de aproveitar para desfazer a impressão de que a votação ocorreu por causa de cargos e emendas", afirmou.

Raupp ignorou o fato de os próprios senadores peemedebistas terem admitido que se sentem desprestigiados nas nomeações. Nos bastidores, os mesmos senadores fazem longa lista de reivindicações.

Em jantar ontem à noite com líderes aliados na Câmara, Lula repetiria o apelo pela aprovação da CPMF. O endurecimento surtiu efeito, ao menos inicialmente. Deputados e senadores que se queixaram publicamente a respeito de cargos e emendas silenciaram ao deixar a reunião de ontem de manhã com o presidente.

Em outra frente para acalmar a base, Lula recebeu os líderes dos partidos aliados da Câmara para um jantar no Palácio da Alvorada.

Segundo líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE), Lula pediu empenho na votação da CPMF, que deve acontecer na próxima semana.

(KENNEDY ALENCAR, FÁBIO ZANINI, LETÍCIA SANDER E RANIER BRAGON)

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1 $type={blogger}:

Luiz Maia disse...

Toma lá, dá cá. Assim se administra o Brasil. E a gente, que já sabe que não há um só político honesto, agora sabemos que o presidente também não tem um pingo de honestidade e vergonha na cara. Haja corrupção. É uma vergonha! Vamos nos lembrar disso tudo nas urnas.